HOMENAGEM

Arquivo Histórico de Jundiaí levará nome de professora

Por Redação | Prefeitura de Jundiaí
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Divulgação / Prefeitura de Jundiaí
Nomeação faz justa homenagem à contribuição e aos esforços da estimada docente pela preservação e divulgação da memória da cidade
Nomeação faz justa homenagem à contribuição e aos esforços da estimada docente pela preservação e divulgação da memória da cidade

Conforme definido pela Lei nº 10.302/2024, publicada na Edição 5568 da Imprensa Oficial, o Arquivo Histórico ligado à Unidade de Gestão de Cultura (UGC) passa a se chamar Professora Maria Angela Borges Salvadori, professora sênior do Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Universidade de São Paulo (USP) e que faleceu no último mês de setembro. A nomeação é uma justa homenagem da prefeitura à contribuição e aos esforços da estimada docente pela preservação e divulgação da memória em Jundiaí, principalmente dos temas referentes aos povos africanos, afrobrasileiros e originários no município.

“Esta é uma justa homenagem de Jundiaí para alguém que em muito contribuiu para o olhar do município ao resgate e à preservação das histórias de suas minorias. Graças ao empenho e dedicação da Maria Angela, hoje o Arquivo Histórico atinge um patamar elevado de democratização de seu acervo por meio da internet, resultado da competência e sensibilidade do olhar dela desde a década de 1980”, comentou o gestor de Cultura, Marcelo Peroni.

O diretor do Departamento de Museus da UGC, Paulo Vicentini, também reiterou a importância do trabalho de Maria Angela. “Na década de 1990, ela teve participação ativa na restruturação do Museu Histórico e Cultural, que à época respondia pelo Solar do Barão, Pinacoteca e Arquivo. O banco de dados com fundos de pesquisa criado à época chegou a contar com mais de 30 mil fontes catalogadas, primárias e secundárias, das quais cerca de 700 referentes às memórias africanas, afrobrasileiras e de povos originários. São dados que, de uma forma ou de outra, perderam-se nos últimos anos e que, mesmo com o trabalho de restruturação e de formação de quadros do Arquivo e da contribuição voluntária dela, seriam necessários ainda mais dois anos e meio para a chegada a um patamar semelhante ao da época. Isso nunca mais pode se repetir em Jundiaí.”

E acrescentou: “A Maria Angela foi ainda responsável, também na década de 1990, pelo programa ‘Atlas Histórico de Jundiaí’, que atuava com mais de seis mil crianças nos bairros. Ela inovou ao colocar em pauta a História dos povos africanos e afrobrasileiros em Jundiaí, identificando a resistência desses povos no município e a importância do Clube 28 de Setembro. Ela esteve também diretamente envolvida nas tentativas de salvaguarda da memória ferroviária de Jundiaí e na destinação dos arquivos do Tribunal de Justiça do Estado referentes ao município para o Centro de Memória da Unicamp, com o qual o Arquivo tem desenvolvido um importante trabalho nos últimos meses. Seu esforço contínuo para a preservação e divulgação de fontes de pesquisa sobre a História de Jundiaí refletem na memória do município”, concluiu.

Mais depoimentos

A professora Diana Gonçalves Vidal, titular em História da Educação na Faculdade de Educação da USP, também reiterou a importância da carreira de Maria Angela. “Este envolvimento da Maria Angela com a preservação da memória e salvaguarda de documentação em Jundiaí retroage aos anos 1980, quando a conheci em seu ingresso no mestrado. Por meio desse esforço, de seu trabalho com a documentação e do que o Arquivo Histórico tem trazido à tona, podemos falar de sua contribuição para os reconhecimentos de diversos patrimônios materiais e imateriais de Jundiaí e da relação intrínseca que isso tem em dar voz e luz a diversos sujeitos merecedores de reconhecimento histórico. No registro dos grandes eventos, muitos sujeitos ficam de fora dos livros, tornam-se invisibilizados. E por meio da preocupação de pessoas como a Maria Angela, seu olhar para as Histórias Social e Cultural e seu trabalho com os documentos que fazem com que se reconheça a contribuição desses sujeitos.”

Para o professor Francisco Carbonari, competência e comprometimento definem a atuação e carreira de Maria Angela. “Trabalhei com a Maria Angela pela primeira vez na década de 1990, quando eu era diretor da então Faculdade Padre Anchieta e a contratei como docente de História da Educação. Quando atuei na secretaria de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura, eu a convidei para que trabalhasse numa série de ações de planejamento, mas que respeitassem a História da cidade. Mesmo com a ida dela à USP, mantivemos várias ações conjuntas, pois ela era uma pessoa comprometida com Jundiaí, com a preservação de sua memória. Ela era uma professora competente, conhecedora em profundidade e comprometida com Jundiaí”, comentou Carbonari, que já atuou no município também como secretário de Educação e, na esfera estadual, como secretário-adjunto de Educação e presidente do Conselho de Educação.

Confira o Acervo Digital do Arquivo Histórico

Outro depoimento contundente em relação à carreira de Maria Angela e seu vínculo com a memória de Jundiaí é o da professora Rosa Maria Godoy Silveira. “A trajetória da Maria Angela foi o cruzamento entre a História e a Educação, resumidas em seu riquíssimo currículo. Ela tinha uma preocupação não só com o conhecimento, mas também com a sua preservação e a sua transmissão. Quando se começou a falar de temas como diversidades, minorias e gênero, a Maria Angela já se dedicava a dar visibilidade aos povos negros e às mulheres. Nos pontos esparsos e de silenciamento que ela encontrava nos registros da História de Jundiaí, que saltava da fundação à chegada dos imigrantes italianos, inclusive em relação à ferrovia, ela foi capaz de refletir, pesquisar, orientar e formar profissionais com sólidas concepções e metodologias de investigação histórica e arquivística. Tudo isso de forma discreta, atuando na retaguarda de um magnifico trabalho que já vinha sendo desenvolvido no Museu e no Arquivo de Jundiaí e que hoje se reflete no patamar em que se encontram. A grande chave para entendê-la é compreender como diante de uma memória silenciada ela era capaz de apontar os caminhos e as reflexões necessárias”, comentou a professora com Pós-Doutorado em História pela USP, professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e docente em diversas universidades e programas de pesquisa, graduação e pós-graduação do país.

Já o Professor Dr. André Luiz Paulilo, assessor de pesquisa e ex-coordenador do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reiterou o papel de Maria Angela no processo formativo do Arquivo. “Entre os diversos destaques do trabalho desenvolvido em Jundiaí, pudemos constatar um modo notável de preparação das equipes”, comentou, em visita ao Arquivo em novembro deste ano.

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