Nos últimos quatro anos, estive à frente da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de Piracicaba, SEMA. Aprendi e li muito, acertei, errei, criei laços, amei intensamente a minha profissão e intensifiquei meu carinho e admiração pelas pessoas que lutam pelo desenvolvimento da agricultura sustentável.
Segundo Stefano Mancuso, fundador do conceito de neurobiologia vegetal, “as plantas estão por toda parte e suas aventuras se entrelaçam às nossas de maneira inevitável”. O mundo é das plantas, que representam 85% da biomassa do planeta. Ser bicho é exceção, pois todas as espécies somadas correspondem à apenas 0,3% do total.
É interessante pensar em como nós, seres humanos, acreditamos que somos os donos do planeta e no quanto estamos enganados. Se assim fosse, a condução desordenada que estabelecemos seria imperativa. No entanto, claramente não é. Vivemos o momento do revés, da resposta do planeta aos nossos desacertos.
É preciso acreditar que há esperança, pois muitos se propõem a olhar o mundo de outra forma, mais integrada, mais respeitosa.
Devo confessar que a vivência nestes quatro anos me trouxe esperança. Foi gratificante trabalhar com os agricultores locais e com a implementação do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, construído de forma democrática e participativa.
Hoje, a SEMA conta com 10 programas que trabalham em rede, com base legal, regulamentação e dotação orçamentária. Também se destaca pela qualidade dos técnicos, pelo entusiasmo e espírito de equipe criado entre todos e bom relacionamento com outras Instituições.
Aberta a todos, a SEMA é ponto de encontro para estudos,deliberações e validação das nossas políticas públicas.
Os programas criados em conexão estão amadurecendo e fomentam novos projetos e ações que, pouco a pouco, transformam a agricultura local e a vida das pessoas. Se a nossa palavra é alimento, como consequência temos avanços na segurança alimentar e nutricional e em mais oportunidades de emprego e renda.
Trabalhamos muito na infraestrutura rural, com manutenção de estradas, pontes e ineditismo no endereçamento rural. No Abastecimento, além dos varejões, foram criados os programas de compras públicas, do selo do alimento local – Selapir e da cozinha experimental. Na área de produção, avançamos com o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais - PSA, plantamos mais de 55 mil árvores para recomposição de nossas matas ciliares e criamos os programas: Patrulha Agrícola, Adequação Ambiental das Propriedades Rurais e Agricultura Urbana.
Na última semana, foi aprovado na Câmara Municipal de Piracicaba nosso último programa, Cadeias Produtivas, fundamental para desenvolvimento de cadeias alimentares mais consistentes e seguras, além de promover circuitos curtos do alimento.
Segundo a ONU, estima-se que população mundial chegará aos 9 bilhões de pessoas em 2050, e, por isso, a demanda dos sistemas alimentares mundiais se intensificará. Torna-se evidente que devemos promover a sustentabilidade na alimentação no que diz respeito à segurança alimentar, saúde e nutrição; praticar a responsabilidade ambiental; assegurar a viabilidade econômica e gerar valor; criar empregos decentes e contribuir para a prosperidade das comunidades locais; promover a boa governança; e promover o acesso e transferência de conhecimentos.
O poder público pode ajudar muito na aceleração da implementação de um processo de agricultura mais sustentável, ao oferecer incentivos aos agricultores.
Agradeço ao prefeito Luciano Almeida pela oportunidade de trabalho e de convívio com tantas pessoas interessantes. Foi uma honra e uma alegria compartilhar estes quatro preciosos anos da minha vida com vocês e deixar minha colaboração para este município que tanto amo.
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