A série 'Achados do Arquivo', da Câmara de Piracicaba, divulgou documentos que contam a história do serviço de transporte por bondes da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) na época da fundação do Campus, hoje parte da USP (Universidade de São Paulo). Os arquivos divulgados mostram o início do século 20 em Piracicaba.
Segundo os arquivos, os primeiros automóveis a motor da cidade ainda nem tinham chegado. A locomoção dentro do município tinha que ser a pé ou em veículos com tração animal. Assim como o restante da população, os estudantes de agronomia daquela época precisavam de uma alternativa que facilitasse o deslocamento pela cidade até a Esalq. Em 1915, a Câmara de Piracicaba aprovou a celebração de um contrato entre o poder público e a The Southern Brazil Electric Company Limited, para a concessão, com exclusividade, da exploração do serviço de bondes elétricos na cidade pelo período de 30 anos.
De acordo com os documentos do arquivo da Câmara, o contrato previa a construção de três linhas de bonde: uma partindo do Centro em direção à Escola Agrícola; outra também partindo do Centro e fazendo a ligação com a Vila Rezende; e uma outra indo do Centro à localidade então conhecida como "Bairro da Boa Morte”, que, posteriormente, viria a ser a região do bairro da Paulista.
O prazo para a linha da Escola Agrícola estar em funcionamento era de 90 dias. Portanto, em dezembro era para estar pronta. Ocorre que, chegando dezembro, veio a notícia que, devido à falta de fio de cobre, material necessário para a transmissão de energia elétrica, a empresa solicitou a prorrogação por mais 30 dias para a entrega da linha. Solicitação prontamente atendida pela Câmara. A inauguração do sistema de bondes aconteceu apenas no dia 16 de janeiro de 1916, com a Esalq como destino inaugural. A linha de bonde “Agronomia” funcionou por 53 anos.
Com a popularização dos automóveis particulares e com o advento dos ônibus, o que era especulação se confirmou: os bondes trafegaram pela última vez na cidade em 30 de setembro de 1969, e os bondes deixaram de circular pela cidade. Com o fim do transporte, a Associação de Ex-Alunos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” procurou o prefeito Francisco Salgot Castillon e pediu que a Prefeitura cedesse o bonde e o reboque à associação, para que fossem colocados em lugar de destaque no campus.
Atendendo à solicitação dos ex-alunos, o prefeito Salgot Castillon apresentou, em 7 de outubro de 1969, para apreciação da Câmara, o Projeto de Lei 84/1969, que dispunha sobre a cessão em comodato à Associação de Ex-Alunos da Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’, de um bonde e um reboque. O projeto de lei deu entrada na sessão de 13 de outubro e, no dia seguinte, foi remetido à Comissão de Justiça e Redação. No início de dezembro, foi aprovado pela Câmara.
Com autorização legal, o bonde e o reboque foram transportados para as dependências da Esalq e colocados num local próximo ao Edifício Central. No mesmo lugar foi colocada uma placa, pela Associação de Ex-Alunos da Esalq, na qual se lê “A ti, que em memoráveis jornadas acadêmicas nos ajudaste, conduzindo-nos à fonte do saber, a homenagem daqueles que em estátua te tornaram, para perpetuar-te na memória dos que hão de vir”.
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