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Cerimonialista de Piracicaba sofre racismo; veja conversa

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação
A cerimonialista Soraia Martins foi vítima de racismo
A cerimonialista Soraia Martins foi vítima de racismo

A cerimonialista Soraia Martins foi vítima de racismo ao ser indicada por uma empresária do ramo de eventos para atuar em um casamento. O caso gerou grande repercussão nas redes sociais de Piracicaba.

Dois dias depois de ter feito a indicação, a empresária questionou a noiva se havia chamado as pessoas e ela respondeu que sim, mas com uma exceção. “Só não chamei a Soraia porque estamos preferindo um time de pessoas brancas”. A empresária rompeu o contrato com a contratante e denunciou o caso à polícia.

A forma preconceituosa como Soraia foi tratada há cerca de dois meses foi a primeira vez como profissional do setor, mas não em sua vida. Ela conta que já foi xingada na escola, além de lembrar de outras situações.

“Sofri racismo por parte do patrão, em processo seletivo. A gente percebe que não foi selecionada por causa da cor. Já teve situação de eu sentar ao lado de uma pessoa no ônibus e a pessoa se levantar e ficar em pé, mesmo com o ônibus lotado. Na escola, meu colega me chamou de macaca”, afirma.

A cerimonialista entende que a Justiça precisa ser mais eficaz. “Que faça com que a lei do racismo seja prática, que saia do virtual, que haja prisões efetivas para os criminosos. Com tantos casos escancarados de racismo, qual de fato é o número que temos de pessoas presas pelo ato?”, questiona.

“Como contratada ou como empreendedora, sempre haverá escassez de trabalho e dificuldade de acesso aos recursos, de forma velada ou explícita ao preto”, diz                              

A cerimonialista entende que o combate ao racismo passa necessariamente pela educação. “Nós somos construídos estruturalmente a pensar de forma racista desde muito cedo. E é muito mais difícil descontruir um sistema que perpetua há anos, do que construir uma base. Veja a frase da noiva. É que a minha avó não quer que misture as coisas. Percebe que ela está perpetuando algo da geração passada, para o presente e possivelmente para a próxima geração dessa família. Haverá alguém capaz de quebrar esse estigma dentro dessa família? Não há muito como lutar contra o racismo velado, a não ser a partir da educação”.

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