CRIME ORGANIZADO

É a pena de morte do crime no Vale: veja como é o tribunal do PCC

Por Da redação | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Imagem de capa do livro 'A irmandade do crime', de Carlos Amorim
Imagem de capa do livro 'A irmandade do crime', de Carlos Amorim

'Tabuleiro’.

Peças movem-se pelo tabuleiro, singrando espaços deixados pelo poder público, ocupando o vácuo de Estado e desafiando o rei. Xeque-mate?

Quem decide vida e morte, polegar para cima ou para baixo, é o PCC (Primeiro Comando da Capital), maior e mais temida facção criminosa do Brasil, criada no dia 31 de agosto de 1993, no ‘Piranhão’, o pavilhão anexo da Casa de Custódia de Taubaté – apelidado pela organização, em seu estatuto, de ‘campo de concentração’ e fábrica de monstros’.

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Chamado de ‘tabuleiro’, o tribunal do PCC cria uma espécie de estado paralelo — a chamada lei do crime. “Matar alguém é raro, hoje bater é mais comum”, disse a OVALE um agente especializado no combate à facção criminosa no Vale.

Os ‘tabuleiros’ acontecem nas ‘quebradas’ sob o domínio dos ‘irmãos’ (os integrantes da organização criminosa), com ‘júri’, acusação e defesa. “Se fizer algo na quebrada, eles cobram”, alertou o policial. “O PCC não cobra só se fizer algo para alguém da facção. Se fizer qualquer coisa na quebrada deles, eles cobram”, completou.

O julgamento é composto por ‘irmãos’ em liberdade e presos, com ‘transmissão via celular. Os ‘crimes’ mais graves são os de estupro e roubo (principalmente se ligados ao desvio dos recursos obtidos pelo tráfico, o carro-chefe da facção).

Se o veredicto é de pena capital, o réu é sequestrado, sendo logo depois executado. “Depois a gente acha o corpo”, contou a OVALE uma fonte ligada diretamente à investigação sobre os crimes praticados pelo PCC.

Os ‘tabuleiros’ são usados ainda em assuntos ligados à quebrada — para punir quem pratica furtos e roubos na redondeza, casos de abuso sexual, entre outros.
“Aqui, levaram um cara para lá [tabuleiro], acusaram ele de ser dedo-duro da polícia. Foi levado, mas não conseguiram provar. E o PCC não deixou matar. Daí, o rapaz [traficante que pediu o julgamento] ficou chateado, porque não pôde ‘fazer’ [matar]”, disse à época um homem ligado ao tráfico de drogas.

As forças de segurança pública e o Ministério Público mantém uma vigilância constante da facção criminosa e definem o combate ao tráfico de drogas, a principal fonte recursos do crime, como ‘prioridade’.

Violência.

Na RMVale, berço da organização, há episódios recentes de execuções, até mesmo com um caso de decapitação do 'réu', condenado e assassinado pelos 'irmãos'.
OVALE revelou que o PCC (Primeiro Comando da Capital) é investigado pelo desaparecimento de pelo menos quatro jovens no Vale do Paraíba, de acordo com fontes policiais.

A suspeita é que os jovens desaparecidos tenha sido condenados à morte no 'tribunal do crime'. OVALE não divulgará a cidade ou informações sobre as vítimas a pedido da polícia, para não atrapalhar as investigações. Os crimes teriam sido praticados por criminosos envolvidos com o tráfico de drogas, carro-chefe da organização criminosa. Operações estão em curso para solucionar os casos, ocorridos nos últimos meses.

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