NO LITORAL NORTE

Pesquisadores da Unesp de Bauru descobrem nova espécie de anêmona

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Antholoba fabiani, já catalogada no World Register of Marine
Antholoba fabiani, já catalogada no World Register of Marine

Pesquisadores do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram uma nova espécie de anêmona-do-mar em uma expedição com alunos em Ubatuba, no litoral norte paulista. O achado permitiu a detecção não apenas da espécie, a Antholoba fabiani, mas de toda uma nova família, denominada Antholobidae.

Inesperado, o encontro do exemplar, vivendo sobre conchas de caracóis entre cinco e 20 metros de profundidade, ocorreu há cerca de dois anos, quando os professores e estudantes acompanhavam pescadores em um arrasto de camarões a cerca de 500 metros de distância da costa. Após análises de DNA e a constatação de que, de fato, os pesquisadores estavam diante de uma nova espécie e uma nova família de anêmona-do-mar, a descoberta foi publicada em abril deste ano na revista científica Marine Biodiversity, fato divulgado recentemente pelo Jornal da Unesp.

O artigo foi assinado pelo doutorando Jeferson Alexis Durán Fuentes, do programa de Pós-Graduação Interunidades em Biociências da Unesp; por seu orientador, o biólogo Sérgio Nascimento Stampar, do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru; e pelos pesquisadores Ricardo González Muñoz, da Universidade Nacional de Mar del Plata, da Argentina; e Marymegan Daly, da Universidade Estadual de Ohio, dos Estados Unidos.

Alerta

O nome da nova anêmona-do-mar foi escolhido em homenagem a Fabián Acuña, docente da Universidade Nacional de Mar del Plata reconhecido por seus estudos sobre estes animais marinhos no Atlântico Sul. Esta foi a primeira espécie pertencente ao gênero Antholoba descrita na região desde o século 19, quando foram documentadas as espécies Antholoba achates e a Antholoba perdix.

Para Stampar, a descoberta alerta para a necessidade de mais investimento em pesquisas marinhas até mesmo em áreas consideradas bem estudadas. "Para a ciência em geral, o avanço mais relevante é o reconhecimento de uma espécie e uma família nova em uma região ambientalmente super impactada, demonstrando a falta de pesquisas mesmo em locais com alto impacto ambiental e com altíssimo uso pelas populações humanas", avalia.

O docente conta que a descoberta ocorreu quase por acidente em idas a campo em Ubatuba, exigidas em uma disciplina de graduação. "Logo após as coletas, verificamos que não se tratavam de espécimes de alguma espécie conhecida na região e, assim, começamos a analisar os dados de morfologia e de DNA", revela. Os estudos foram conduzidos no Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática (LEDALab) da Faculdade de Ciências, onde o material coletado foi comparado a exemplares semelhantes capturados anos atrás no litoral de Santa Catarina.

Tecnologia

"Determinamos que esta espécie é bem diferente das demais. Neste sentido, os recursos tecnológicos foram essenciais, pois utilizamos técnicas avançadas de análise de DNA, algo bastante importante e que dependeu de décadas de avanço científico", pondera o professor, sobre os estudos que envolveram cientistas da Universidade Nacional de Mar del Plata e da Universidade Estadual de Ohio.

Os achados já foram incluídos na plataforma World Register of Marine Species, catálogo que reúne todos os animais e plantas marinhos do mundo. No aspecto morfológico, a nova espécie tem coloração marrom na coluna, tentáculos brancos e uma parte do corpo, denominada disco oral, em formato de copo.

Além disso, possui arranjos diferentes nos mesentérios, membranas que sustentam a forma do animal, que é invertebrado. A Antholoba fabiani possui 199 pares de mesentérios divididos em sete ciclos, enquanto Antholoba achates e pedix têm 96 pares separados em cinco ciclos. Por meio da análise molecular, foi possível aprofundar as diferenças morfológicas, permitindo uma classificação mais detalhada e adequada da espécie, semelhante a de famílias que vivem em águas profundas, mas que ocorre em água rasa.

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