A troca de gestores em qualquer organização traz desafios, e nas prefeituras, que muitas vezes são as maiores "empresas" locais, isso é especialmente evidente. Com a eleição de 5.569 prefeitos em todo o Brasil, mais de 3.000 gestores tentarão a reeleição, enquanto 3.027 novos prefeitos iniciarão seus mandatos em breve, enfrentando um cenário complexo. Esses novos líderes encontrarão um ambiente que exige decisões rápidas e eficientes, mas muitos enfrentarão dificuldades devido à falta de indicadores claros e processos integrados.
Um dos principais desafios para quem assume a gestão pública é a ausência de dados estruturados para a tomada de decisões. Em Jundiaí, por exemplo, iniciativas como a Unidade Central de Entregas e o Observatório, um portal que congrega mais de 450 indicadores públicos, foram fundamentais para centralizar as prioridades e garantir que as decisões fossem baseadas em informações precisas e atualizadas. Esses sistemas permitem aos gestores uma visão clara das demandas e fornecem um suporte estratégico para a alocação de recursos e execução de projetos.
A fragmentação entre secretarias é outro problema comum nas prefeituras, nas quais muitas áreas tendem a operar de forma isolada. Jundiaí, no entanto, instituiu um modelo de governança inovador através da gestão por plataformas de serviços, divididas em sete áreas principais. Esse modelo obriga as antigas secretarias a trabalharem de maneira integrada, promovendo cooperação e eficiência na execução de políticas públicas. A integração resultante desse sistema melhora a comunicação interna, agiliza processos e contribui para uma administração mais eficiente e orientada a resultados.
A continuidade, tanto no setor público quanto no privado, é essencial para garantir o sucesso de grandes projetos. Assim como em empresas exitosas, em que os CEOs frequentemente optam por dar continuidade a estratégias vencedoras para manter o sucesso, a gestão pública também depende da estabilidade para consolidar avanços e não desperdiçar recursos com mudanças abruptas de prioridades. Em Jundiaí, por exemplo, os avanços recentes, como a regulamentação das antenas 5G e a digitalização de processos, necessitam de continuidade para se concretizarem e entregarem o impacto desejado à população.
A modernização das prefeituras vai além de tecnologias, envolvendo também uma evolução na forma de comunicação interna. Enquanto empresas privadas já adotam ferramentas ágeis para comunicação, prefeituras ainda dependem de métodos mais tradicionais como e-mails e ofícios. A transformação digital que está em curso em Jundiaí é um passo importante, mas precisa de continuidade e suporte para alcançar todo o seu potencial.
O sucesso de uma administração pública eficiente se constroi com base em dados, integração entre setores e, principalmente, continuidade. O exemplo de Jundiaí mostra que projetos bem-sucedidos precisam ser mantidos e ampliados para que as cidades avancem em seu desenvolvimento, evitando retrocessos que muitas vezes ocorrem em transições de governo. Para os novos prefeitos que iniciarão seus mandatos, a lição é clara: a continuidade dos projetos é tão vital quanto a inovação.
Jones Henrique Martins, gestor de Governo e Finanças de Jundiaí
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