WELLINGTON DE MORAES

Deda: o equilíbrio entre time e direção

Por Bruno Freitas | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
FPF/Divulgação
Na comemoração do acesso ao Paulistão Série A1
Na comemoração do acesso ao Paulistão Série A1

Ele teve uma carreira longeva nos gramados, onde disputou vários Campeonatos Paulistas de Primeira Divisão, além de Série A e B do Brasileirão, somando mais de 20 conquistas. E por Bauru, esteve em uma das campanhas memoráveis do Noroeste, no estadual de 2007, quando o time ficou, inclusive, à frente do Corinthians. Isso tudo como atleta profissional. O ex-volante e atualmente dirigente do clube local Wellington Nobre de Moraes, conhecido no mundo da bola por Deda, 49 anos, é recordista com 11 títulos do Campeonato de Brasília (DF), onde nasceu. Por lá, foi o único jogador eleito por enquete de cronistas e torcedores para integrar seleções dos melhores de todos os tempos dos dois maiores rivais do Distrito Federal: Gama e o Brasiliense. Após pendurar as chuteiras, a partir de 2019, tornou-se gerente de futebol do Norusca, atuando junto à diretoria e à comissão técnica na formação dos elencos vitoriosos que subiram o Alvirrubro da Série A3 para a Série A1 (a Elite) do Paulistão. Neste domingo (1), o time completa 114 anos.

Como jogador, Deda foi revelado pelo Gama e defendeu Noroeste, Brasiliense, Portuguesa Santista, Ponte Preta, Novorizontino, Marília, Rio Branco e Desportivo Brasil. Sempre como titular e, na maioria das vezes, como capitão. A liderança e a confiança dos vestiários o alicerçaram na carreira trilhada também nos bastidores. O dirigente, além de ter a grande responsabilidade em escolher atletas para fazer parte do grupo, levando em conta características técnicas e perfis, também é o elo entre jogadores e a presidência do clube.

Além de formar famílias dentro das quatro linhas, Deda conta com rica história no campo pessoal. O filho do João Bento (falecido em 1999) e da Leni Nobre tem quatro irmãos: Willian, Weverson, Roney e Robson - este último jogador profissional (Ponte Preta e Exterior) e que o inspirou a seguir a mesma profissão. Deda cresceu em uma comunidade do Setor P Sul da Ceilândia e tem residência fixa em Bauru desde 2007, onde vive com a esposa Patrícia Moraes. Pai de três filhos, Alan de 30 anos, Alex de 25 e Alice de 23, ele se orgulha e agradece a bola não só pela sua trajetória, mas também por garantir que os filhos seguissem na profissão escolhida por eles. Um fez carreira em administração, outro em tecnologia e a caçula cursa medicina. Leia os principais trechos.

JC - Como surgiu o apelido Deda?

Deda - Surgiu desde quando eu era pequeno. Meu pai me apelidou, mas nunca explicou. A partir daí, meus pais só me chamavam de Wellington quando eu aprontava (risos). Como vivíamos na periferia, muitas vezes, a gente era chamado para jogar no time do bairro, para a "turma da confusão". E tínhamos que ir. Mas nunca tive problemas com eles e com quem não andava na linha. A gente sempre foi muito correta. Todos nós estudamos e fomos trabalhar honestamente. Tínhamos tudo para ir para o caminho errado, mas isso não aconteceu. Uma vez quase me mudei de casa, porque um grande amigo de infância, um irmão que a vida me deu, o Helvio Rodrigo Gonçalves e as irmãs dele e minhas também, Ana Paula e Ana Kelen, se mudaram para Campo Grande, e a mãe deles queria me levar junto. Até pediu para a dona Leni deixar, mas minha mãe não deixou.

JC - Verdade que teve grande apoio na época de escola?

Deda - Minha professora de educação física, dona Carmen, me ajudou muito. Eu estudava em uma cidade satélite de Brasília, no Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte. E só tinha dinheiro para ir e voltar de ônibus. A aula de educação física era à tarde e eu estudava de manhã. Então, tinha de ficar esperando a aula sem comer. A professora Carmen soube que eu não comia entre as aulas e passou a me levar para almoçar na casa dela. E dizia para todo mundo que eu viraria jogador de futebol. Depois do meu primeiro título, voltei lá na escola para agradecer.

JC - Quais os "pedra 90" com quem trabalhou?

Deda - Quando era jogador, o mais difícil que enfrentei foi o Djalminha, na época dele no Palmeiras. Comigo, no mesmo time, foi o Iranildo e o Paulo Nunes. E treinador, tive vários muito bons, mas destaco o Paulo Comelli. Em 2006/2007 ele já tinha inúmeras variações táticas que o futebol moderno usa em 2024.

JC - Os filhos não quiseram seguir a mesma carreira?

Deda - Os meninos têm talento para o futebol, mas não quiseram pagar o preço. E o preço para ser profissional é alto. Não é o dinheiro, mas sim a renúncia. Tem que abrir mão de muita coisa, principalmente de ficar perto da família.

JC - E fora do futebol, quem é seu camisa 10?

Deda - Minha esposa! Ela é uma grande parceira. A pessoa que mais confio. A Patrícia tem um olhar diferente de enxergar as coisas e sempre me faz ver por outra perspectiva. Está sempre presente nos jogos. 

JC - Quais os hobbies, além de jogar futebol?

Deda - Faço academia, corro, jogo futevôlei. Mas ultimamente o que eu mais tenho feito é assistir a jogos de futebol, presencialmente, em diversas cidades. Isso, devido à montagem do elenco para o Paulistão de 2025.

JC - O que pediria de presente para o Noroeste?

Deda - Peço que consigamos formar um time competitivo, além de permanecermos na Elite. Todo time que acaba de subir tem mais dificuldade. E também que os empresários da cidade abracem o clube, financeiramente.

JC - O que espera para o futuro?

Deda - Pretendo deixar o Noroeste no melhor lugar possível. Em breve teremos uma reestruturação do time que passará a ser, oficialmente, uma SAF. Vai ser fundamental.

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