![Amauri Marquezi de Luca](https://sampi.net.br/dir-arquivo-imagem/2024/07/da4ab97f6f2fdf955e580d1b2cd16597.jpeg)
Um grande grupo de comunicação do Brasil atualizou, semana passada, seus princípios editoriais com orientações sobre o uso de inteligência artificial no exercício do jornalismo. As diretrizes frisam que a utilização dessa tecnologia sempre vai passar por supervisão humana. Na mesma semana, o Grupo Meta começou a testar a sua IA usando as redes sociais de todos nós: com nossas fotos e dados. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) interveio, a Meta entrou com recurso, mas ANPD manteve a decisão que obriga a empresa a suspender o uso de dados de brasileiros para treinar inteligência artificial (IA). Essa semana super movimentada neste sentido nos leva, seguramente, a uma reflexão um pouco mais profunda. A Inteligência Artificial está aí e veio para ficar.
Um novo relatório de pesquisadores dos Estados Unidos diz que a IA, se adotada mais amplamente na área da saúde, pode ajudar o setor a aprimorar operações clínicas, qualidade de processos e segurança em geral, com impactos expressivos em planos de tratamento personalizados e protocolos de medicamentos, beneficiando diretamente os pacientes. No setor financeiro, é utilizada na automação de tarefas, detecção de fraudes, etc. Na Educação, os algoritmos de IA têm o potencial de ajudar na análise dos dados dos alunos e adaptar-se aos seus estilos de aprendizado, fornecendo feedbacks e recomendações de acordo com as necessidades e habilidades individuais.
Sobre os problemas já apresentados, nem vou comentar sobre desemprego, privacidade, impactos psicológicos e sociais. Vou abordar a essência da tecnologia: manipulação de dados de entrada, coleta e armazenamento de dados, criação de malware, ataques cibernéticos, a criação e disseminação de deepfakes, principalmente em um período delicado que vamos entrar agora: o eleitoral.
Os deepfakes são frequentemente criados usando Redes Adversariais Generativas (GANs), onde duas redes neurais competem entre si. Uma rede, o gerador, cria imagens falsas, enquanto a outra, o discriminador, tenta distinguir entre imagens reais e falsas. Com o tempo, o gerador melhora a qualidade das imagens falsificadas a ponto de serem indistinguíveis das reais. Essa técnica pode ser usada para criar vídeos falsos de figuras públicas dizendo ou fazendo coisas que nunca aconteceram, contribuindo para a disseminação de desinformação. Isso pode influenciar a opinião pública e semear o caos.
Em contrapartida, países correm para ajustar a regulamentação da IA. Enquanto a União Europeia e a China têm adotado abordagens bastante abrangentes, outros países como os EUA, Reino Unido, Canadá, Japão e Singapura estão desenvolvendo regulamentos específicos para enfrentar os desafios e oportunidades apresentados pela IA. A colaboração internacional e a adaptação contínua das leis serão cruciais para abordar os complexos impactos da IA na sociedade. E o Brasil, avança? Sim, mas ainda falta muito. Então, para evitar dores de cabeça, aqui vai uma dica: que tal diminuirmos nossa exposição?
Amauri Marquezi de Luca é Executivo de Tecnologia da Informação e Comunicação, Diretor Presidente da Companhia de Informática de Jundiaí e presidente do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Jundiaí
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