LUTO

Jovem que morreu à espera de internação pensou em ser médica

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Divulgação
Duda frequentava a Igreja Pentecostal Unidos por Amor a Cristo Jesus e participava do grupo de jovens
Duda frequentava a Igreja Pentecostal Unidos por Amor a Cristo Jesus e participava do grupo de jovens

A adolescente Maria Eduarda Ferreira da Silva, de 17 anos, que morreu nesta sexta-feira (5) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Mary Dota, em Bauru, enquanto aguardava vaga para ser internada no Hospital Estadual (HE), pensou em ser médica. A ideia lhe ocorreu quando vestiu um jaleco branco, conta a tia Janaína Alves, com quem a jovem morava na cidade.

Ela aceitou conceder entrevista no velório da sobrinha porque acredita que o poder público deva ser cobrado para evitar que outras tragédias dessa natureza acometam mais famílias. “Ainda tem muita gente implorando por vaga lá (na UPA) e os médicos não têm o que fazer. Não é mais possível salvar a vida da Duda, mas quem sabe isso faça a diferença na vida de outras pessoas”, comenta.

Ela destaca que a família, moradora na Nova Bauru, frequenta a Igreja Pentecostal Unidos por Amor a Cristo Jesus, onde a adolescente participava do grupo de jovens e que prestou uma homenagem a ela nas redes sociais. “Ela era muito apaixonada por Deus. Agora está com Ele”, afirmou Janaína, segundo quem Duda trabalhava como aprendiz em uma empresa de recuperação de crédito, onde sonhava ser efetivada.

Atendimento

Na última segunda-feira, a adolescente, que estava com sintomas gripais, percebeu manchas avermelhadas na pele e foi até a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Nova Bauru, onde colheram o exame. No entanto, a tia foi informada de que ela deveria repetir o exame. Quando o resultado veio, constataram que as plaquetas estavam bem baixas e, encaminhada à UPA do Mary Dota, já foi internada.

Por lá, fizeram um teste rápido de dengue, que deu negativo. Um médico chegou a dizer à família que Duda sofria de uma anemia autoimune. “Os médicos da UPA fizeram de tudo. Não há o que dizer deles. Tentaram vaga no Estadual, no Base, em Botucatu, e nada”, informa. Ela, então, recorreu à Defensoria para garantir a internação. Mas quando retornou à unidade, era tarde demais.

“Fizeram massagem cardíaca nela por 40 minutos, mas ela não voltou. Bauru é uma cidade de quase 500 mil habitantes, precisa ter um hospital próprio. Tem um monte de gente precisando”, diz ao lembrar-se de outros pacientes com quadros graves, como suspeita de câncer de pulmão, e na própria Duda relatando que estava fraca, com mal-estar e sede.

Despedida

A jovem morreu cerca de 30 minutos após ser intubada. Após a despedida no Centro Velatório do Cemitério da Saudade, foi sepultada no Cristo Rei.

Conforme o JC divulgou, em nota, a Secretaria de Saúde de Bauru disse que “a paciente citada deu entrada na UPA na manhã da quinta-feira (4), passou por consulta, realizou exames e foi medicada. Após o resultado dos exames, equipe médica solicitou vaga de internação hospitalar, via Cross”.

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