As manifestações ocorridas na Cidade de São Paulo, em 25 de fevereiro, trazem algumas reflexões importantes, com as quais é prudente não ignorar, e sensato não desprezar valiosas lições. Embora todas as digitais apontem para uma tentativa de golpe, não podemos esquecer a omissão criminosa durante a pandemia.
Bolsonaro, sem dúvida, personifica uma visão de mundo, uma ideia, da qual ele é atualmente a maior liderança no Brasil. A visão extremista encontra apoio internacional, e é preocupante a chance de Donald Trump retornar à Casa Branca.
Um dos fatores que impediram o golpe no Brasil foi a falta de apoio dos EUA, algo que ficou evidente com os inúmeros "falsos legalistas fardados" que só não aderiram ao golpe devido à falta de apoio internacional.
Outro elemento preocupante, para não dizer alarmante, é que a extrema-direita está à frente no domínio da comunicação digital.
Deve-se reconhecer que as forças progressistas, sem exceção, são ineptas nesta tecnologia, funcionando de maneira analógica, seja nos partidos, nas organizações sociais ou, pior ainda, no governo.
É urgente regulamentar as redes sociais, e fundamental para as forças progressistas pararem de achar que inventaram a roda e reconhecerem sua ignorância para poder aprender, mas não para agir da mesma forma ou com a mesma metodologia. Talvez a formação política e a organização social sejam soluções viáveis.
Não é prudente ignorar o poder mobilizador da extrema-direita brasileira. Eles têm organização, financiamento e bandeiras que mobilizam e travam a luta política nas ruas, seja através de fake news ou bandeiras fundamentalistas; o fato é que eles mobilizam bastante.
É inquietante o discurso religioso, algo intrínseco em sociedades como a brasileira, onde a fé está entrelaçada com a formação do País, na catequização resignada de uma ordem social imutável. Há também o avanço das religiões pentecostais financiadas politicamente pelas agências de inteligência americanas, para impor seus valores, sua visão de mundo e, obviamente, seu domínio.
Nesta questão, Michelle Bolsonaro personifica bem o discurso messiânico, vestindo-o adequadamente, embora ela represente a hipocrisia da dita "família" tradicional brasileira. Talvez com a prisão de Bolsonaro e sua inelegibilidade, Michelle seja o principal risco a ser observado. É bom não desprezar.
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