Aproximadamente 60 mulheres vítimas de violência doméstica compareceram ao Fórum central de Rio Preto na tarde desta sexta-feira, 15, para conhecerem o projeto Lidere-se, de capacitação profissional, promovido em parceria entre o Núcleo de Gênero do Ministério Público e o Sebrae.

Segundo a promotora Heloísa Gaspar Martins Tavares, a iniciativa, implantada em todo o Estado de São Paulo, visa ser mais um braço no sistema de proteção à mulher. “Toda vez que uma vítima solicita medida protetiva contra o companheiro, ela é chamada para uma reunião no Ministério Público, onde é informada sobre os direitos e deveres previstos na Lei Maria da Penha, sobre os serviços públicos disponíveis para assistência psicológica e social e também da assistência jurídica gratuita oferecida pela Defensoria Pública para resolver questões como pagamento de pensão, guarda dos filhos e divórcio. Soma-se a esse esforço, a formação profissional para que ela conquiste a independência financeira”, diz.

O projeto é uma resposta a uma situação bastante comum no contexto de violência doméstica: muitas mulheres, especialmente as que são mães, retomam o convívio com os agressores por medo de não conseguirem pagar aluguel e colocar o alimento na mesa.

Dados da Secretaria de Saúde de Rio Preto apontam que 75% das vítimas foram agredidas mais de uma vez.

A estratégia será oferecer cursos rápidos e gratuitos de capacitação, de acordo com a aptidão de cada mulher. O Sebrae tem opções como costura e modelagem, podologia, massoterapia, panificação, confeitaria e fotografia, por exemplo.

O Lidere-se prevê ainda acesso a crédito, palestras sobre inteligência emocional e apoio para formalização do negócio.

Além das mulheres que possuem medida protetiva contra agressores, a promotoria solicitou à Secretaria da Mulher, Pessoa com Deficiência e Igualdade Racial de Rio Preto, assim como para órgãos assistenciais de cidades que pertencem à comarca (Cedral, Bady Bassitt, Ipiguá, Guapiaçu e Uchoa), indicação de mulheres vítimas de violência que sejam acompanhadas pelos Centros de Referência e Atendimento à Mulher (Crams).

“Somente com a união dos órgãos envolvidos a rede de enfrentamento consegue combater e diminuir os danos da violência doméstica e familiar”, afirma a secretária da Mulher em Rio Preto, Maria Cristina de Godoi Augusto.

Não há limite para quantidade de mulheres inscritas no projeto e as turmas dos cursos serão formadas a partir do número de pessoas interessadas.

Segundo a Secretaria da Mulher, as mulheres que aceitarem trilhar a jornada da capacitação passarão por etapas e temas como gestão, empreendedorismo, empoderamento feminino, entre outros. Não haverá custos para as participantes.

As atividades ocorrem por meio do Sebrae Delas SP, movimento voltado ao apoio e fortalecimento do empreendedorismo feminino, baseado na metodologia do soft skills (conhecimentos e habilidades socioemocionais e inteligência emocional), qualificação empreendedora e técnica e até mentoria voltada à gestão.