O Brasil aparece entre os dez países com os níveis mais elevados de violência no planeta, segundo o mais recente Índice de Conflito divulgado pela organização internacional Armed Conflict Location & Event Data (Acled). O levantamento analisa a intensidade de conflitos armados e violência política em escala global e coloca o país na sétima posição, com classificação de conflito extremo.
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Os dados consideram ocorrências registradas entre 1º de dezembro de 2024 e 28 de novembro de 2025, período em que a Acled monitorou quase em tempo real episódios de violência em mais de 240 países e territórios.
O índice leva em conta quatro critérios principais para medir a gravidade dos conflitos:
A partir desses indicadores, a organização classifica os países em três categorias: turbulento, alta intensidade ou extremo.
De acordo com o relatório, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política nos últimos 12 meses. A Acled utiliza esse termo para englobar ações violentas com motivação política, social, territorial ou ideológica, incluindo ataques a civis, confrontos armados e uso excessivo da força em protestos.
Apesar da posição alarmante, o país caiu uma colocação em relação ao ranking anterior. Ainda assim, a violência associada a facções e gangues criminosas segue como um dos principais fatores de instabilidade, cenário semelhante ao observado em países como México, Haiti e Equador.
Entre os destaques do relatório está o Equador, que subiu 36 posições em apenas um ano. O país registrou a atuação de mais de 50 grupos armados, sendo cerca de 40 gangues envolvidas diretamente em ataques — mais da metade deles contra civis.
No Haiti, a expansão territorial de grupos criminosos também elevou drasticamente os níveis de violência, colocando o país entre os mais críticos do mundo.
A liderança negativa do ranking ficou com a Palestina, onde praticamente toda a população foi exposta à violência no período analisado. Segundo a Acled, o território apresenta o conflito mais disseminado geograficamente, atingindo cerca de 70% da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
Na sequência aparecem Mianmar e Síria, seguidos por México e Nigéria. O relatório aponta ainda que, em termos de letalidade, apenas Ucrânia e Sudão superam a Palestina.
Mesmo com leve estabilidade em relação ao levantamento anterior, os números continuam altos. Foram registrados 204.605 eventos violentos no período analisado, resultando, segundo estimativa conservadora, em mais de 240 mil mortes em todo o mundo.
A Acled também divulgou uma lista de 10 regiões e países que devem enfrentar conflitos armados, instabilidade política e crises humanitárias em 2026. A América Latina e o Caribe aparecem entre as áreas de risco, especialmente devido ao aumento da pressão internacional e à possível militarização das políticas de segurança, o que pode intensificar a violência.