05 de dezembro de 2025
ARTIGO

Para entender o xadrez bélico internacional

Por Kazuo S. Koremitsu |
| Tempo de leitura: 3 min

Longe de mim dar aqui a última palavra nesse assunto. Mas enquanto o Brasil se ufana de uma COP30 que até pegou fogo, as grandes potências mundiais já se alinham para uma nova guerra que virá (em breve). Japão, EUA, União Européia, Coreia do Sul, Rússia e China já estão se preparando. Só não vê quem não quer.

Vamos olhar para alguns sinais. O plano de paz (temporário talvez) entre Ucrânia e Rússia, tem um só objetivo para a Rússia, qual seja, o de liberar seus ativos de bilhões de euros congelados pela União Europeia para investir em armamentos bélicos, uma vez que a Rússia está falida economicamente. Segundo sinal: Donald Trump ao invés de amainar as ameaças à Venezuela, intensificou as ainda mais.

Alertou as companhias aéreas a não sobrevoarem sobre a Venezuela. Isso significa também cortarem todos os vôos com destino a esse país. Ilhada, por assim dizer, a Venezuela logo será atacada e Maduro destronado. É claro que o objetivo de Trump não é a volta da democracia na Venezuela. Não sejamos ingênuos a esse ponto: ele está de olho no único país das Américas que pode lhe prover de petróleo (e gás) abundante, sem ter o risco dos navios petroleiros terem que cruzar o Atlântico e serem abatidos por mísseis.

Outro ponto chave: a Venezuela é o seu quintal. Não adianta os idólatras do tal «autogoverno dos povos» se manifestar contra, mas a Venezuela é sim um quintal dos EUA a ser monitorado e controlado em tempos de guerra verdadeira.

É um ponto estratégico militarmente no mar Caribe (assim como o estreito do Panamá). É imprescindível ter a Venezuela como um país aliado numa terceira guerra mundial. A Argentina tornou-se uma boa aliada americana, só falta agora aquele país resistente e indócil…

Sim, o Brasil. O Brasil é outro grande quintal dos EUA, mais longe, porém igualmente valioso para se ter como aliado na América. Para quem estudou história ao menos uma vez na vida deve se lembrar que na 2a Guerra Mundial Getúlio Vargas ia se aliar aos 3 países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Vendo o perigo dessa aliança na América, o então presidente dos EUA, Roosevelt comprou  (literalmente pagou) a adesão do Brasil às chamadas « tropas aliadas ».

Quando o Japão põe as garras de fora para proteger uma pequena ilha chamada Tawain ele não está sendo altruísta, mas para quem já invadiu e controlou toda a Manchúria, o Japão sabe que se a China vier a controlar Taiwan será um calo no seu sapato (geograficamente falando). Tawain, para a China, é o seu quintal do mesmo modo que a Venezuela para os EUA. O Japão até agora só perdeu uma guerra, contra os EUA. Tem dinheiro, tecnologia e tradição militar para fazer a China ficar de joelhos. A China, por sua vez, tem uma boa propaganda militar, sabe falar grosso e tem capital de sobra, mas zero prática militar. Ainda assim, não é um adversário a ser desprezado.

A Coreia do Sul está desenvolvendo seu primeiro submarino nuclear, pois sua vizinha comunista não será fácil de lidar. A União Europeia está mais unida do que nunca, pois sabe que a tradição bélica da Rússia é forte. Mas viu que na guerra contra a pequena Ucrânia, a Rússia passou vergonha. Conquistou pouco por terra com muita dificuldade e, ainda, com uma mortandade considerável de soldados. Aliás, tanto para a China como para a Rússia, vidas humanas são descartáveis (mas são finitas).

Para aqueles que ainda se preocupam com as mudanças climáticas, não se aflijam, o homem pode acabar com o mundo de outra maneira, bem mais eficiente e rápida.

Kazuo S. Koremitsu é economista com doutorado em Direito.