05 de dezembro de 2025
ARTIGO

O necessário toque humano no novo amanhã

Por Alex Madureira |
| Tempo de leitura: 3 min

Para quem vive a rotina de um mandato parlamentar, tecnologia não é um fim em si. É ferramenta para resolver problemas concretos: a mãe que espera atendimento no posto de saúde, o estudante da rede estadual que precisa aprender com qualidade, o trabalhador que gasta duas horas no ônibus. Quando falamos de inteligência artificial, meu compromisso é simples: colocar gente no centro das decisões. A inovação só faz sentido quando amplia direitos, reduz desigualdades e respeita a dignidade de cada pessoa.

O primeiro passo é ouvir. Nas visitas a bairros, associações e entidades de classe em Piracicaba e região, o recado é claro: queremos serviços públicos mais rápidos e transparentes, sem perder o toque humano. Isso significa adotar soluções digitais com linguagem acessível, canais inclusivos e atendimento presencial garantido para quem precisa. Não é substituir o servidor, é dar melhores ferramentas para que ele atenda com mais empatia e eficiência.

Na educação, humanizar a tecnologia começa pela conectividade estável nas escolas, Etecs e Fatecs, formação continuada para professores e projetos que unam robótica, artes e cidadania. Queremos jovens capazes de pensar criticamente, não apenas de apertar botões. Defendo parcerias com universidades e empresas locais e materiais pedagógicos que tratem ética digital, combate à desinformação e segurança online como competências do século XXI.

Na saúde, a IA pode organizar filas, apoiar diagnósticos e ampliar a telemedicina, especialmente nas áreas mais afastadas. Mas a decisão final é do profissional de saúde, com responsabilidade e transparência.

Nossa economia regional também ganha com a humanização da inovação. Do agronegócio à indústria, das startups aos microempreendedores, há espaço para reduzir custos, aumentar produtividade e abrir novos mercados. Proponho desburocratizar licenças, criar editais de compras públicas abertos a soluções inovadoras, fomentar crédito e capacitação e levar 5G de qualidade para o interior. Quando o pequeno produtor acessa dados climáticos e o comerciante usa ferramentas digitais de gestão e venda, quem ganha é o emprego local.

Ética e proteção social são pilares. Algoritmos podem reproduzir erros se forem treinados com dados enviesados. Por isso, precisamos de avaliação de impacto, comitês independentes e mecanismos de recurso quando uma decisão automatizada prejudicar alguém. Devemos cuidar de trabalhadores afetados pela automação com requalificação, novas trilhas de carreira e políticas ativas de emprego. Incluir idosos e pessoas com deficiência exige interfaces acessíveis, linguagem clara e “balcões digitais assistidos” nos bairros.

Governança importa. Defendo conselhos que reúnam sociedade civil, academia e setor produtivo para acompanhar projetos de IA no Estado, com métricas públicas e metas de qualidade de serviço. Projetos-piloto devem ser pequenos, avaliados com rigor e ampliados apenas quando comprovarem benefício social.

Transparência, participação e prestação de contas não são burocracia; são o coração da confiança pública.

Humanizar tecnologia é fazer com que cada clique aproxime o cidadão do seu direito. É olhar para Piracicaba e para o interior paulista e dizer: inovação sim, mas com responsabilidade, diálogo e propósito. O futuro que queremos não é de telas frias, e sim de pessoas empoderadas por ferramentas justas. Se mantivermos a dignidade humana como norte, a inteligência artificial será ponte, e não muro, para uma sociedade mais próspera, segura e solidária.

Alex Madureira é Deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.