Governar é uma responsabilidade que ultrapassa números, planilhas e metas administrativas. É, sobretudo, um compromisso com a dignidade das pessoas e com o respeito à vida em suas múltiplas formas. Acredito que a política recupera sua melhor razão de existir quando assume a empatia como princípio orientador: quando as decisões públicas são tomadas tendo em primeiro lugar o cuidado com quem mais precisa.
Nosso trabalho no parlamento tem buscado traduzir essa visão em medidas concretas. Propostas como nosso Projeto de Lei nº 1.169/2025, que promove a presença de afeto em espaços de cuidado, como a possibilidade de visitas de animais de estimação em hospitais, e o também de nossa autoria, Projeto de Lei nº 282/2025, que protege vidas nas rodovias oferecendo abrigo e socorro a animais perdidos, partem da mesma premissa. Não se trata de benevolência isolada, mas de reconhecer que o Estado pode e deve articular políticas que alinhem eficiência administrativa e sensibilidade social.
Humanizar a gestão pública é ampliar o conceito de bem-estar. É olhar para a saúde não apenas como cura de doenças, mas como promoção do conforto emocional, é perceber que um ambiente acolhedor faz diferença no processo de recuperação, é entender que os cuidados também incluem medidas preventivas que evitam tragédias, inclusive as que envolvem animais e pessoas nas estradas. Quando cuidamos dos mais vulneráveis, fortalecemos a convivência e reduzimos riscos para toda a coletividade.
Mas humanizar não é sinônimo de fragilidade. Pelo contrário: é demonstrar força moral e responsabilidade. São escolhas que exigem coragem política para destinar recursos, articular parcerias com municípios, organizações civis, governo do estado e concessionárias, e estabelecer normas que garantam segurança e respeito. Significa, ainda, capacitar profissionais, adequar espaços e fiscalizar para que as boas intenções se transformem em práticas seguras e sustentáveis.
A gestão sensível se estende ao atendimento público: serviços que escutam, procedimentos que respeitam o tempo do cidadão, escolas que acolhem, unidades de saúde que integram tecnologias à ternura. Valores como atenção, integridade e cuidado devem permear os processos públicos, porque são eles que reacendem a confiança entre a sociedade e seus representantes. E essa confiança é essencial para a legitimidade de qualquer ação governamental.
Vivemos tempos de grandes desafios coletivos, em que a dor, a desigualdade e a violência testam diariamente nossa capacidade de permanecer humanos. É justamente nesses momentos que a política precisa reafirmar o seu papel como espaço de reconstrução e esperança. Falar de empatia e cuidado não é desviar dos problemas reais, é enfrentá-los pela raiz, com políticas que resgatem a dignidade e o valor da vida.
Sigo comprometido em fortalecer essa agenda: políticas que cuidem das pessoas e dos animais, sem espetáculo ou autopromoção, mas com responsabilidade e profissionalismo. Defender a vida em suas diferenças é uma postura que exige respeito, planejamento e resultados. Se a política aprender novamente a cuidar, daremos um passo decisivo para uma sociedade mais justa e humana.
Para avançarmos, proponho fortalecer canais de participação pública e capacitar gestores para práticas que coloquem o cuidado como estratégia de governo. A mudança exige persistência, diálogo e a consciência de que políticas humanas geram responsabilidade compartilhada e legados duradouros. Pela vida, sempre unidos.
Alex Madureira é Deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.