Há experiências na vida que transformam tudo o que acreditávamos saber sobre o amor e ter um filho é uma delas. Nenhum livro, conselho ou preparo emocional dá conta do que acontece no instante em que aquele pequeno ser chega ao mundo e nos olha pela primeira vez. É como se o tempo parasse e tudo o que antes parecia importante perde o peso e de repente, nasce em nós uma nova versão de quem somos, mais vulnerável, mais forte e infinitamente mais amorosa.
A chegada de um filho desperta algo que dormia quieto dentro do coração, um amor que não exige, não cobra, não espera nada em troca. Um amor que simplesmente existe e se multiplica, mesmo nas noites em claro, nas preocupações, nas birras e nas bagunças. É o tipo de sentimento que nos faz compreender o que significa colocar outra vida acima da nossa. É um amor que não se mede nem se explica, apenas se sente.
Os filhos mudam a forma como olhamos o mundo, passamos a enxergar beleza nas coisas simples, no sorriso que surge de repente, nas primeiras palavras, nas pequenas conquistas do dia a dia.
Aprendemos a desacelerar, a ter paciência e, principalmente, a valorizar o presente. Eles nos ensinam que felicidade não está em grandes feitos, mas em momentos de conexão sincera: um abraço apertado, uma risada sem motivo, um “te amo” dito com a pureza de quem ainda não aprendeu a esconder sentimentos.
Ser pai ou mãe é viver uma mistura constante de medo e encantamento. É sentir o coração fora do corpo, caminhando por aí. É querer proteger e, ao mesmo tempo, compreender que a vida precisa seguir o próprio curso. É aprender a confiar, a soltar, a aceitar que o amor também é permitir que o outro cresça e voe.
Cada fase dos filhos traz desafios, mas também revela novas formas de amar e com o tempo, percebemos que esse amor nos amadurece mais do que qualquer outra experiência.
Os filhos nos ensinam sobre generosidade e entrega, mostram que ser forte não é nunca chorar, mas continuar mesmo cansado. Que o verdadeiro amor não se resume a palavras bonitas, mas se prova em gestos diários, no cuidado, na presença, na paciência infinita. Eles nos lembram que amar é doação, e que na entrega se encontra o sentido da vida.
Muitos dizem que os filhos dão trabalho, e é verdade, mas o que quase nunca se diz é que, em meio ao cansaço, há uma alegria silenciosa que preenche tudo. É o olhar deles que nos dá forças quando o mundo pesa. É o som da risada que acalma a alma, é o abraço que cura qualquer dor. Os filhos transformam a rotina mais simples em algo sagrado.
Com o tempo, percebemos que fomos nós quem mais aprendemos, eles nos mostram que o amor não depende de merecimento. Que ele resiste às birras, às fases difíceis, às distâncias e ao tempo. O amor por um filho é aquele que permanece mesmo quando há desentendimentos, mesmo quando eles crescem e seguem seus próprios caminhos, é um amor que acolhe, que perdoa, que espera.
Ter filhos é compreender o que realmente importa, é perceber que a vida ganha outro sentido quando deixamos de pensar apenas em nós. É olhar para aquele ser e entender que cada sorriso dele é também o nosso. É descobrir que a felicidade verdadeira está em ver o outro florescer, em saber que fizemos parte dessa história.
No fim das contas, os filhos são nossos grandes mestres. São eles que nos devolvem o encantamento pela vida, que nos lembram de ser leves e de não deixar o coração endurecer. Ser pai ou mãe é viver a mais profunda das transformações humanas, é aprender que o amor incondicional não é um ideal distante, mas algo que pulsa todos os dias dentro de casa, nas pequenas coisas, no simples fato de existir um “nós”.
E é por isso que, quando olhamos para os filhos, entendemos que a felicidade não está nas certezas, mas na beleza de amar alguém mais do que a nós mesmos.
Com carinho, Fabiane Fischer
Fabiane Fischer é especialista na recuperação de dependentes químicos, abusos e compulsões.