Durante os anos de 2020 e 2021, o foco global esteve voltado ao combate à Covid-19. Com medidas de distanciamento social e restrições de contato, outras doenças infecciosas tiveram circulação reduzida. No entanto, a partir de 2022, diferentes enfermidades voltaram a ser notificadas em diversos países, levantando alertas entre especialistas e organizações de saúde.
A poliomielite, por exemplo, que estava próxima da erradicação graças à vacinação, reapareceu em regiões onde não era registrada há décadas. Um caso emblemático ocorreu na Faixa de Gaza, onde a doença foi identificada novamente após 25 anos sem registros. O reaparecimento coincidiu com a queda na cobertura vacinal, que passou a ser inferior a 85% após o início do conflito entre Israel e Hamas em 2023. Os únicos dois países com circulação endêmica do vírus permanecem sendo o Paquistão e o Afeganistão.
O sarampo, uma das infecções virais mais transmissíveis, também apresentou aumento de casos. Nos Estados Unidos, o estado de Ohio notificou 82 ocorrências em 2022. Embora não tenham sido registradas mortes, 32 pacientes precisaram de hospitalização. Em Minnesota, após três anos sem casos, foram confirmadas 22 infecções no mesmo período.
Outra enfermidade que voltou a causar preocupação é a cólera. No Haiti, o número de casos voltou a subir após três anos sem surtos. Desde outubro, mais de 13 mil casos e 280 mortes foram contabilizados. A doença é causada por uma bactéria que pode ser transmitida por água contaminada ou alimentos manuseados sem higiene adequada.
A bronquiolite infantil também teve aumento expressivo, especialmente no inverno de 2022-2023 no Hemisfério Norte. A infecção, geralmente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), atingiu crianças em maior número. Especialistas apontam que o crescimento de casos pode estar relacionado ao chamado “débito de exposição”, fenômeno no qual crianças que não tiveram contato com vírus comuns durante a pandemia passaram a adoecer em maior proporção com o retorno das atividades presenciais.
Profissionais de saúde alertam para a importância da vigilância epidemiológica e da manutenção das campanhas de vacinação como forma de prevenção ao retorno de doenças consideradas controladas ou erradicadas em muitas regiões.