14 de dezembro de 2025
ENTENDA O IMPACTO

Tarifaço: Piracicaba está entre as mais que exportam para os EUA

Por Erivan Monteiro | erivan.monteiro@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
André Covolam/Divulgação
Estevam: ‘Ajustes na produção e eventuais demissões não estão descartados’

A tarifa de 50% sobre exportações brasileiras impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, deve passar a valer a partir desta sexta-feira (1°). A medida foi anunciada no início de julho. “O 1º de agosto é para todos", declarou Trump, no início desta semana, dando a entender que a nova alíquota será realmente imposta.

Piracicaba está entre as cidades mais atingidas com a medida do presidente norte-americano. Dados do Sindicato dos Metalúrgicos mostram que a Noiva da Colina é a quinta cidade que mais exporta no Estado.

No município, o setor de máquinas pesadas — com destaque para escavadoras, pás-carregadeiras, compactadores e niveladoras — lidera as exportações locais. Em seguida, estão os automóveis, além de grupos voltados à geração de energia, açúcar de cana, sacarose, álcool, ferro e aço.

O setor metalmecânico, que engloba siderurgia, autopeças, máquinas agrícolas e bens de capital, é responsável por cerca de 42% das exportações regionais destinadas aos EUA, segundo o Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras).

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o Estado pode perder até 120 mil empregos, caso a determinação seja realmente imposta. “Infelizmente hoje a gente tá vivendo um momento em que se busca tirar proveito do país, querendo dividir o país", lamentou o governador.

Em Piracicaba, não há uma estimativa de demissões, porém, não está descartada essa possibilidade. “O Simespi tem expressado preocupação com a medida, ressaltando que o setor já opera com margens calibradas e sensíveis ao custo do aço, alumínio e outros insumos afetados pelas tarifas. Ajustes na produção e eventuais demissões não estão descartados”, afirmou o economista Paulo Estevam Camargo, 1º vice-presidente do Simespi.

“O aumento abrupto dos custos compromete a competitividade dos nossos produtos no mercado americano, gerando riscos de queda nas exportações, perdas financeiras e possível retração na geração de empregos”, enfatizou o economista.

Estevam lembrou que em Piracicaba há importantes fornecedoras do setor de aviação e podem ser afetadas de forma mais expressiva. “A exportação de produtos agrícolas (açúcar e etanol) também pode ser prejudicada, consequentemente, os fabricantes de equipamentos para esses setores também podem ser impactados. Porém, não é possível quantificar possíveis perdas no momento.”

Em 2024, segundo dados do próprio governo americano, os Estados Unidos foram destino de cerca de US$ 42 bilhões em produtos brasileiros, enquanto o Brasil importou US$ 44 bilhões em mercadorias norte-americanas.

Esse cenário reforça a interdependência econômica entre os dois países e exige cautela, diálogo e diplomacia nas decisões comerciais, na opinião da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba).

“A imposição tarifária pode comprometer o desempenho dessas cadeias produtivas, bem como o planejamento de médio e longo prazo das empresas”, informou o presidente da Acipi, Mauricio Benato.

“É fundamental que o Brasil continue trilhando o caminho do diálogo internacional, com foco na valorização de suas exportações, no reconhecimento da qualidade dos seus produtos e na manutenção de parcerias comerciais equilibradas e duradouras, completou Benato.

O deputado Alex Madureira explicou que as relações comerciais globais são complexas e multifacetadas, “exigindo de nós uma análise profunda”. “Como representantes do povo, nosso dever é assegurar que os interesses estratégicos do Brasil e a prosperidade de nossos cidadãos sejam sempre prioridade. Seguiremos zelando e agindo para que nosso país encontre o melhor caminho diante dos desafios que se apresentam."

IMPACTO
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Piracicaba e Região, Wagner da Silveira, o Juca, a maior preocupação perante o tarifaço anunciado é “que a medida imposta pode impactar em 10% o preço das exportações brasileiras”.

“Nós contamos com uma cadeia produtiva, portanto todos perdemos com essa medida. Um exemplo, é que nossa região tem uma vocação produtiva que é a cana de açúcar, para que o produto final chegue, ela precisa de equipamentos que são produtos que passam por mãos humanas, mesmo diante de tanta tecnologia. Resultado, ninguém deve estar confortável”, disse Juca.