05 de dezembro de 2025
ARTIGO

Você já leu a Constituição?

Por Walter Naime |
| Tempo de leitura: 2 min

Estamos assistindo ao que parece teatro, mas é a pura realidade.  São cenas que traduzem bem a maneira de pensar de cada uma das partes: os governados e os governantes.

É que o povo está pagando caro para assistir cenas políticas, nessa apresentação de tantas bandalheiras de corrupção e desvios das forças morais.

Esse teatro se desenvolve nos palcos brasileiros não condizente com o elenco que nos arrepiam, pela desfaçatez de seus integrantes que se não fosse para chorar muito menos para rir, pois os palhaços são os expectadores que forçados a estar presentes no dia a dia da vida, nos tornam indignos a cada momento.

Não há dúvida que a vida está mais “fácil” para os fora da lei do que aos abnegados, que lutam todos os dias, pensando num modo sério de levar a vida contrapondo com os espertos, os desocupados, os criminosos, os gulosos, os desonestos, os aproveitadores, que não cumprem os seus deveres urbanos, familiares e de cidadãos.

Mesmo a contragosto nesta plateia de “nariz vermelho” o espetáculo continua pois o enredo da legalidade tem que ser mantido a todo custo e o que era já não é, e o que vai ser ao futuro pertence.

No palco dos governantes, por conta do enredo da peça “Constituição de país”, o boneco do poder se vê no meio de uma contenda, onde os lados que se debatem vão acabar cada um com o seu pedaço: um braço pra uns, outro braço pra outros, as pernas para os mais fortes, a cabeça para os escalpelizadores e corpo para os abutres, tudo isso depois de empurrões, nomes feios, ofensas e algumas agressões corporais pelos que não são capazes de usar a capacidade para desenvolver um diálogo educado.

Os governantes de um modo geral demonstram que lutam pelo “com quanto nós vamos ficar?”

Já, os que se perguntam “como é que vamos ficar?” ao debaterem os juros altos; o ensino procurando uma saída para que daqui uma geração possa ter um caminho promissor; os que precisam de atenção pela saúde que tem que aguardar até que chegue o remédio ou que se marque a cirurgia; os sem trabalho que estão sentados na bancada do estádio dos desocupados, aguardam que o time dos desempregados faça um gol para se levantar e aplaudi-lo com todo o vigor das esperanças; os que estão produzindo que tentam permanecer de pé mesmo tendo suas pernas amputadas pelos impostos; às crianças que nascem nessa era virtual, sem conhecimento da realidade pensam que melancia, leite e pão nascem dentro de sua caixinha de TV, e que seus sonhos possam se sustentar na tela do seu celular.

Assim não sabendo quando a peça teatral termina, a plateia cansada, desmotivada, apática diante de tudo e impossibilitada de sair do teatro se pergunta: “você já leu a constituição? Não? Porque eu vou continuar alimentando o desejo que o país não morre no final dessa novela.

Walter Naime é arquiteto-urbanista e empresário.