21 de dezembro de 2025
ATENÇÃO!

Festas juninas e queimaduras nas mãos: saiba como se prevenir

Por Will Baldine | Jornal de Piracicaba |
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), acidentes com queimaduras são considerados um problema de saúde pública no Brasil

Com o mês de junho chega o clima de festa, fogueiras, fogos de artifício e culinária típica das celebrações juninas. Mas, junto com a tradição, cresce também o número de atendimentos por queimaduras, principalmente nas mãos - uma das partes mais vulneráveis e, frequentemente, expostas do corpo.

O ortopedista Maurício Leite, ortopedista, cirurgião de mão e punho, explica que os riscos associados às queimaduras vão muito além da dor momentânea. “As mãos são estruturas extremamente complexas. Quando há dor, dificuldade de movimento, rigidez, dormência, formigamento ou perda de força, esses são sinais de alerta para problemas que, se não tratados, podem evoluir para complicações importantes e até limitações definitivas de função”, afirma.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), acidentes com queimaduras são considerados um problema de saúde pública no Brasil. Somente no período de janeiro a março de 2024, foram registradas 4.809 internações por queimaduras, média de 52 registros por dia, de acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares e Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos meses de junho e julho, o alerta às queimaduras aumenta devido às festas juninas – período em que o manuseio de fogos de artifício e as típicas fogueiras fazem parte das festividades e elevam os riscos de acidentes, sobretudo na região das mãos.

Primeiros socorros podem fazer a diferença

Na eventualidade de uma queimadura, o especialista orienta que o primeiro passo é manter a calma e colocar a área afetada em água corrente e fria por 5 a 10 minutos. “Isso ajuda a reduzir a temperatura da pele, limitando os danos aos tecidos e impedindo que a queimadura se agrave”, explica o Dr. Maurício. Em seguida, deve-se fazer um curativo com gaze estéril ou, na ausência dessa, um pano limpo, protegendo a região até o atendimento médico.

“O uso de substâncias como pasta de dente, pomadas caseiras, manteiga ou banha devem ser evitados, pois podem agravar a lesão e dificultar o diagnóstico e o tratamento correto”, alerta o médico. Em casos de dor intensa, um analgésico comum pode ser utilizado, desde que faça parte da rotina de uso do paciente.

Casos graves de queimadura

As queimaduras são classificadas em graus e, dependendo da gravidade, o tratamento pode exigir procedimentos complexos. “Queimaduras de primeiro e segundo graus são as mais comuns e, geralmente, são tratadas com trocas recorrentes de curativos, protegendo a pele e prevenindo infecções”, afirma o ortopedista. Já nos casos mais graves, com lesões de terceiro grau, pode ser necessária a realização de cirurgias para retirada de tecidos necrosados, além de enxertos ou retalhos para reconstrução da pele, especialmente quando há exposição de tendões, nervos ou ossos.

O papel da cirurgia da mão

Além das queimaduras, o Dr. Maurício reforça que diversas doenças e lesões nas mãos, quando negligenciadas, comprometem a qualidade de vida e a autonomia do paciente. “Algumas enfermidades podem ser tratadas com fisioterapia, órteses ou medicamentos (analgésicos), proporcionando alívio. Mas, em muitos casos, a cirurgia é o único caminho para restaurar a função da mão de forma duradoura e devolver o bem-estar ao paciente”, finaliza.

Durante as festas juninas, é essencial manter a vigilância ao lidar com fogos, fogueiras ou utensílios quentes. Evitar que crianças manuseiem materiais inflamáveis, manter distância segura do fogo e usar utensílios apropriados para cozinhar são medidas simples que evitam acidentes graves.

Em caso de queimaduras, procure atendimento médico imediato. O cuidado rápido e adequado é decisivo para a recuperação da função e para evitar sequelas.