O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, enfrenta um cenário de alerta com o aumento dos registros de balões próximos à área operacional. Só no primeiro semestre de 2025, foram contabilizados 70 avistamentos e 12 quedas dentro do complexo aeroportuário. O mês de março foi o mais crítico, com 28 avistamentos e seis quedas, o maior número já registrado em um único mês na série histórica recente.
Os balões representam risco direto à segurança da aviação, podendo causar desde atrasos e desvios de voo até acidentes mais graves, incluindo colisões e incêndios. A prática é considerada crime ambiental, podendo causar também queimadas em áreas verdes, residências e indústrias.
Apesar das ações educativas e de fiscalização, os dados seguem alarmantes. Em 2024, o aeroporto registrou 94 avistamentos e 22 quedas de balões. Já em 2023, foram 78 avistamentos e 28 quedas, enquanto em 2022 os números chegaram a 90 avistamentos e 26 quedas.
Para enfrentar esse tipo de interferência externa, Viracopos mantém um protocolo de acionamento rápido, com apoio de equipes internas e órgãos como a Polícia Militar, Bombeiros e a Torre de Controle, além de monitoramento por mais de 1.600 câmeras espalhadas pelo sítio aeroportuário.
Gabriela Araújo/Viracopos
Em meio ao período das festas juninas — época que historicamente registra aumento de soltura de balões —, o aeroporto reforçou a campanha anual “Guardiões de Viracopos”, voltada à conscientização de crianças e adolescentes das escolas do entorno sobre os riscos à aviação.
A edição 2025 foi aberta nesta sexta-feira (27), no auditório da Torre de Controle, com palestras, apresentações educativas e visita de alunos às instalações operacionais do aeroporto. Participaram estudantes da EMEF Maria Pavanatti Favaro, localizada próxima à cabeceira 15 da pista. Eles acompanharam encenações teatrais, demonstrações com cão farejador da Receita Federal, equipe de bombeiros de aeródromo e o trabalho de falcoaria realizado para controle de fauna.
O projeto existe desde 2003 e já alcançou quase 20 mil crianças e adolescentes. A ideia é que esses jovens atuem como multiplicadores de boas práticas, influenciando suas famílias e comunidades a evitar ações perigosas como a soltura de balões, descarte irregular de lixo, uso indevido de drones e apontamento de lasers para aeronaves.
“O projeto não apenas promove a cultura de segurança, mas também inspira as novas gerações a se envolverem e colaborarem ativamente com a segurança das operações”, destacou Moisés Araújo, gerente do Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional (SGSO) de Viracopos.
Para ele, é na infância que se constrói a base da responsabilidade coletiva. “Acredita-se que as experiências sociais ocorridas na infância influenciam muito mais do que as ocorridas na adolescência e na idade adulta”, disse.
A campanha “Guardiões de Viracopos” continua ao longo do ano, com palestras nas escolas da região em um raio de 20 quilômetros da pista de pouso e decolagem. Além das atividades presenciais, os alunos recebem material informativo com orientações práticas e explicações sobre os riscos à aviação.