27 de dezembro de 2024
ARTIGO

Esperançar


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Francisco, o Papa, não hesita em conclamar o mundo para a paz. Há quem não atenda sua voz até mesmo entre os que comungam da msma fé.

O mundo, convulsionado, intolerante, deixa brotar  mal-estar, ódio. Solitário, Francisco ora. Em meio à multidão, explode em coragem. Clama e conclama!

Nos apelos, ao contrário da grande maioria de líderes, educa, propõe, ensina. Sem sublevação, sem acusação, sem revolta. Num tom elegante pede paz, seu desejo de alma, e apresenta, com serena humildade, seu olhar à multidão.

Ao saber de mísseis, bombas, drones explodindo e matando sem piedade, revela angústia. Pior se sente, ao conhecer atentados terroristas, vitimando inocentes e colocando sob risco cidades inteiras, esparramando medo e dor.

Neste arfar diário, do alto de seus anos, no Vaticano, abre o braços para o céu, acena, sorri e, espontâneo como sabe ser, lança ao mundo sua palavra de pastor, justa e certa.

Desde que chegou à cátedra de Pedro, difere de seus antecessores. Recusa pompa.Foge das circunstâncias. Sereno, com assertiva coragem, prova na palavra, no gesto, na ação, cumprir, com rigor, a proposta de Jesus Cristo.

Irmão de seus desafetos, na própria igreja que lidera, marcada por erros, injustiças, equívocos, luta bravamente para dar à instituição, substrato cristão.

Não esconde erros passados. Denuncia, com sabida elegância,  percalços entre religiosos. Perdoa os que se assoberbaram contra apóstolos, martirizando, perseguindo, matando. Perdoa, clama por perdão. Firme na fé, roga por sabedoria à Luz divina.
Irmão do sol, das estrelas e da lua, brilha em primeira grandeza alumiando os que vivem mergulhados na escuridão. Irmão de todos os que Deus esparramou pelo mundo, revela o destrato dos homens em relação ao Planeta e se entristece diante do que sabe, do que vê, da judieira danada contra o meio ambiente.

Manso na fala, envolto no branco da paz na veste que usa, não reclama. Clama!

Ao escrever, ao dizer, ao abraçar, acerta, guiado pela Luz que o inspira. Orienta, ensina, pede por um mundo humano e justo.
Desolado com a destruição, Francisco insiste na paz,  tantas guerras temos tido. Condena a fome, a miséria humana, as acentuadas diferenças sociais. Observa governos corruptos e os condena, com precisão. 
Abomina a tristeza. Insiste na alegria que faz latejar forte o coração de Deus. Em troca da violência e do medo recomenda ternura e esperança.

Noite passada, aturdido pelo terror sobre Brasília, a famosa capital da esperança, pensei como reagiria ao saber que o Brasil, hoje, um dos mais violentos países do mundo, há muito perdeu o rótulo de bem-viver que propagava.

Também já não há mais como esconder-se por trás da propalada democracia racial. Há muito, terra tão distinta dentre outras tantas, provou, não por si, mas por quem nela vive, as injustiças, o erro histórico cometido contra milhões de negros e descendentes, o desrespeitoso comportamento com quem deu e dá ao Brasil muito do que apresentou e mostra ao mundo do que tem e no que é.

Francisco, ao estar aqui, apercebeu-se destas evidências que os locais, por vezes, ignoram ou figem ignorar. Provou com isso, naquele instante em que despontava para seu pntificado, ser o mais sensível sinal de Deus entre todos.

Sufoco-me da esperança que sua evangelização  provoca por ter na sua palavra e na sua ação passo paraa transformação possível. De sua palavra verte, em abundância, a luz da fé, renasce a esperança.