26 de novembro de 2024
ARTIGO

Uma sociedade de desejos e não de projetos existenciais


| Tempo de leitura: 3 min

Para um relacionamento dar certo, você precisa fazer o que o outro gosta? Enquanto você se preocupa em fazer o que o outro gosta, algo dentro de você vai aos poucos, silenciosamente, te “cobrando” de que você não está sendo totalmente você. A novela começa aí e o final dela nós sabemos. Esse é um dos argumentos que derrubam a tese de que os “opostos se atraem”.

Não, isso é ilusão. Quanto maiores as diferenças, maiores as dificuldades do casal. Quanto à ilusão, ela acontece porque todo ser humano tem a tendência de buscar o “novo” e, encontrar alguém diferente, atrai, mas, com o decorrer do tempo, as diferenças vencem.

Outro erro é buscar alguém pelo caminho do autoengano, ou seja, querer determinada pessoa por vários motivos, menos por amor e isso acontece até de forma inconsciente, quando a pessoa acredita que é por amor. Um dos exemplos é buscar alguém com atributos físicos em consonância com o que “orienta” a sociedade.

Quando o autoengano ocorre, a relação não flui pelo caminho natural e se esvazia com o tempo, pois nossa essência não é essa. O agravante surge quando o autoengano se associa à paixão, que, na verdade, é “um” dos sinônimos do que a Psicologia chama “ilusão de foco”. Nesta situação, a pessoa coloca o “holofote” apenas no que é positivo e prazeroso e, então, “cega” o verdadeiro olhar ao que realmente importa. E aí... tudo vai desmoronando, mas não no começo, afinal, a ilusão de foco alimenta o vazio por um tempo. O antídoto é que a razão também entre em cena e observe alguns “detalhes” do parceiro (a): como a pessoa trata os pais, irmãos? Como reage a determinadas situações de stress ou irritação? Quais os valores? Há motivação e empenho em construir, desde já, um futuro decente? E a responsabilidade? Teoria e prática caminham juntas? Vícios? Enfim, são muitas as formas de tirar um pouco o foco da ilusão (paixão) e observar se vale a pena mesmo seguir em frente com aquela pessoa. Aliás, muita atenção nisso, porque há quem saiba “ser quem não é” para conquistar ou impressionar alguém.

Por outro lado, analise: se você está com alguém que você realmente ama, ou seja, quando você é verdadeiramente livre e dono de si, a relação fica leve, tranquila, flui sem turbulências e o melhor: não há a preocupação de “fazer o que o outro gosta”, ou seja, é natural dar certo; é natural se agradarem. Diferenças podem acontecer, mas são tranquilamente contornadas e até usadas para evolução, ainda mais se as palavras respeito e tolerância estiverem sempre presentes, mesmo porque ninguém nos obriga a nos relacionarmos com alguém! Portanto, quando você deixa de lado seus ideais ou preferências em nome de outra pessoa, você também está se abandonando.

Muitos me procuram sofrendo, porque não entendiam a importância desse assunto, outros porque estão vivendo numa relação mentirosa, ou porque não conseguem se livrar dela, ou, então, em função de uma ruptura, que não é aceita. São muitas as consequências negativas.

Se você está querendo ser feliz num relacionamento, procure conhecer mais a fundo este tema ou buscar ajuda profissional e, então, evitar sofrimento e até catástrofes emocionais ou físicas mais tarde, como vemos tanto por aí, infelizmente. 
“Vivemos numa sociedade consumista, numa sociedade de desejos, e não de projetos existenciais. Ninguém planeja ter amigos, ninguém planeja ser tolerante, superar fobias, ter um grande amor”. (Augusto Cury)