Fiscal do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) em Piracicaba naquele 1964, o arquiteto Walter Naime foi um dos profissionais que fizeram a vistoria no que sobrou do Comurba após a queda do edifício. Após o desabamento de uma parte do prédio, Walter andou pelas lajes que ainda estavam em pé para avaliar as possíveis causas do desabamento.
“O Comurba era um prédio que estava subindo a estrutura. E era composto por uma estrutura especial em S. Ele era feito em curvatura, era um projeto diferenciado para a época. O prédio, por ser extenso, tinha quase 100 metros, era obrigado a ter uma junta de dilatação, e era feita em dois blocos. O bloco que dava para a Rua Prudente é o que caiu, o outro permaneceu em pé. Tinha um ponto que era duvidoso no cálculo, que dava para a rua Prudente”, relembrou. Naime conta, ainda, que vistoriou todas as lajes do Comurba. “Nós fomos até a última laje, onde o vento soprava muito e a gente teve que deitar pra olhar direto. Não encontramos nada que demonstrasse fragilidade”, disse. “Disso começou o processo de análise para ver as causas do desmoronamento. Ela foi julgada por uma comissão de técnicos do Rio Grande do Sul. Não sei porque ela foi parar lá”, disse.
O processo de demolição e retirada dos escombros teve início no governo de Cássio Paschoal Padovani, e concluído na gestão de Luciano Guidotti. Depois da queda, o processo de verticalização da cidade se estagnou. “Houve uma sessão daqueles que era proprietários, cada um doou a parte deles, senão não poderia demolir. Então houve a demolição. A cidade, que vinha tendo um alento na construção, parou. Levou uns 10 anos para voltar a construção de prédios. A cidade ficou de luto na construção”, lembrou Naime. “Depois, surgiu um prédio na rua Boa Morte, aquele prédio perto do Colégio Piracicabano. Depois disso, parece que criou-se um ânimo”, finalizou.