A depressão pós-parto é uma dificuldade na área da saúde mental que acomete muitas mulheres e é muito comentada em nossa sociedade, porém existem outros quadros que podem afetar as mulheres no pós-parto, como transtorno de ansiedade, estresse pós-traumático, psicose puerperal, dentre outros. Atualmente temos um número maior de pesquisas sobre a depressão pós-parto, e os trabalhos indicam uma média de 20% das mulheres no “mundo” manifestando tal dificuldade de saúde mental. O Brasil é considerado o pais que apresenta maior prevalência de sintomas depressivos no pós-parto quando comparado com países desenvolvidos, entretanto, a maioria das pesquisas realizadas no Brasil consideram apenas o momento do pós-parto, não avaliando durante o período da gestação se os sintomas depressivos já existiam. Pesquisas recentes que avaliam os sintomas depressivos desde a gestação até o pós-parto no mesmo grupo de mulheres após passado um tempo indicam que os sintomas de depressão não são mais presentes no pós-parto, mas sim na gestação, no pós-parto a frequência de mulheres com sintomas depressivos diminui. Outra discussão interessante é que a maioria das mulheres classificadas com sintomas de depressão no pós-parto, já apresentavam tais sintomas desde a gestação, ou seja, não pode dizer que essa mulher tem depressão pós-parto, pois só é depressão pós-parto quando de fato os sintomas surgem após o parto e não anteriormente. Portanto, seria interessante e adequado que gestantes realizassem também uma avaliação de saúde mental no período gestacional, não só o pré-natal médico é importante, como o pré-natal psicológico. Esse último poderia identificar se a mulher apresenta alguma dificuldade emocional e trabalhar para que tal quadro não se agrave ou cronifique no pós-parto. Todo o período gestacional traz grandes desafios para a gestantes e suas famílias, as mulheres sofrem fortes alterações fisiológicas que envolvem mudanças hormonais e visíveis transformações em seu corpo e durante esse período a mulher pode apresentar sintomas emocionais como angustia e ansiedade, devido a necessidade de adaptação a nova fase e as responsabilidades que estão por vir. Essas mudanças bruscas na vida da mulher podem ser facilitadoras, principalmente se houver predisposição genética para o quadro. A vida da mulher passa por alteração profissional, social e emocional e enquadrar-se nesses novos padrões podendo gerar situações de fortes crises emocionais. Depressão pós-parto não ocorrem somente em mulheres que tiveram gravidez indesejada ou que estejam passando por problemas em seu casamento ou ainda crises financeiras, claro que são condições que podem contribuir para desencadear o quadro, porém não é regra. A depressão pós-parto é uma condição que afeta cerca de 15% das mulheres gestantes brasileiras, podendo se manifestar de várias formas, desde sintomas mais leves até quadros mais graves. Os sintomas mais comuns envolvem tristeza profunda, ansiedade, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e dificuldade para dormir ou comer. Além disso, a depressão pós-parto também pode afetar a capacidade da mãe de cuidar do bebê e interferir no vínculo entre mãe e filho. Por isso é fundamental que as mães recebam apoio e intervenção psicológica adequada para superar essa condição. Além das mudanças físicas e hormonais, as novas responsabilidades e a falta de sono podem desencadear uma serie de emoções negativas, ansiedade e estresse. É por isso que muitas mães escolhem por buscar ajuda através de psicoterapia, obtendo o auxílio para a lidar com essas emoções e facilitando o desenvolvimento de habilidades para melhorar o relacionamento com seus bebês. É comum que algumas mães sintam –se desconectadas ou incapazes de se conectar emocionalmente com seus filhos e a intervenção psicológica pode ajudar essas mães a entender melhor as necessidades de seus bebes e fortalecer o vínculo mãe-bebê. Embora seja comum sentir-se triste ou ansiosa nas primeiras semanas após o nascimento do bebê, a depressão pós-parto é uma condição mais grave que pode durar meses ou até mesmo anos se não tratada adequadamente. Essa condição pode ser agravada pela falta de apoio emocional. Uma das estratégias facilitadoras é envolver a família na recuperação da mãe, além de envolve-los ativamente na participação dos cuidados do bebê e da casa, para evitar sobrecarga das tarefas diárias, assim a mãe terá mais tempo para descansar e recuperar-se. A família além de incentivar o tratamento apropriado deve oferecer apoio emocional, ouvindo e demonstrando empatia pelos seus sentimentos.
Ana Carolina Carvalho Pascoalete