16 de novembro de 2024
CIDADE EM ALERTA

VÍDEO: Entenda a onda de calor que vai castigar Piracicaba

Por Ana Laura França | ana.laura@jpjornal.com.br |
| Tempo de leitura: 3 min

A onda de calor que chegou em Piracicaba a partir desta segunda-feira (2) é um fenômeno complexo, resultado da interação de diversos fatores climáticos e ambientais. A atuação de um sistema de alta pressão atmosférica, que impede a formação de nuvens e chuvas, é um dos principais responsáveis pelo aumento das temperaturas. No entanto, outros elementos contribuem para intensificar essa situação.

Os Ventos Alísios, que normalmente trazem umidade da Amazônia para a região Sudeste, estão enfraquecidos, o que limita a formação de nuvens e precipitações. Essa diminuição na umidade do ar agrava ainda mais o calor e aumenta o risco de incêndios florestais. As queimadas no Pantanal também têm um papel importante nesse cenário. A fumaça proveniente dessas áreas atinge diversas regiões do país, inclusive Piracicaba, reduzindo a incidência de radiação solar e, paradoxalmente, aumentando a sensação térmica. A fumaça também pode causar problemas respiratórios e agravar doenças preexistentes.

“Lá em cima (norte do Brasil) nós temos os ventos chamados de Ventos Alísios. Eles batem lá na Cordilheira dos Andes, fazem a volta na Amazônia, passam pelo Pantanal e vêm pra cá, pro Sudeste. E como estão tendo muitas queimadas lá, esses ventos, em vez de trazer essa umidade que vinha oriunda da floresta amazônica, agora está vindo bastante fumaça. Isso não é bom, porque é indicativo de que nós estamos passando por uma transformação muito forte no clima.”, explica Rodrigo Possebom, geógrafo e pós-graduando em agrometereologia.

A combinação desses fatores, somada às mudanças climáticas globais, tem intensificado os eventos extremos de calor e seca em todo o planeta. A estiagem prolongada, por sua vez, afeta os reservatórios de água, a agricultura e a biodiversidade. “E claro que nós devemos aí entrar no racionamento, porque não tem chuva, e se não tem chuva, não tem de onde captar água. Os rios precisam estar cheios pra captação de água. Então isso é um problema muito, muito, muito grave.”, afirma Rodrigo.

Para enfrentar essa situação, é fundamental que a população adote medidas de prevenção e cuidados, como se manter hidratada, evitar exposição ao sol nos horários de pico e buscar locais ventilados. Além disso, é preciso que as autoridades intensifiquem as ações de monitoramento e alerta, bem como implementem políticas públicas que promovam a adaptação às novas condições climáticas.

“A gente pede que as pessoas evitem atear fogo, isso em qualquer lugar, porque todo incêndio é criminoso, e a gente precisa voltar à natureza como ela era há um tempo atrás, onde, nesta época do ano, setembro chovia, já começava a chover para o abastecimento dos reservatórios do estado paulista. Então, não é chuva infelizmente, é fumaça.”, afirma Rodrigo.

A preservação do meio ambiente e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações. A redução das emissões de gases do efeito estufa, o combate ao desmatamento e a promoção da economia circular são algumas das medidas que podem contribuir para enfrentar esse desafio global.

“Essa fumaça dificulta muito a formação das chuvas, e claro, isso colabora muito para o aumento da temperatura do ar. E é o que vai acontecer na próxima semana. As temperaturas devem ultrapassar os 40 graus aqui na cidade de Piracicaba, e não deve chover, porque quanto mais queimada nós temos, mais dificuldade pra chuva teremos.”, alerta e finaliza o geógrafo.