14 de agosto de 2024
ARTIGO

Falta de desejo sexual tem causas biopsicossociais (1-2)


| Tempo de leitura: 3 min

Artigo produzido pela jornalista e redatora Geiza Martins. Acompanhem!

“A cada dia que passa, você tem menos vontade de fazer sexo? Nem mesmo a masturbação te anima? Sentir pouco ou nenhum desejo sexual é algo mais comum do que parece entre as mulheres. As causas vão muito além daquelas de ordem biológica. Dormir mal, estresse, drogas, pílula anticoncepcional, menopausa, disfunções sexuais, vergonha e até mesmice estão entre as possíveis causas para não querer transar.
Tomando por base uma pesquisa feita pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, por meio do Hospital Perola Byton (publicada em 2018), em torno de 48% das mulheres procuram ajuda médica por conta de disfunções sexuais:  45% estão entre a faixa etária de 40 a 55 anos; 36,4% entre 25 e 39; e somente 7,9% tem entre 20 e 24 anos. Apenas 13% das mulheres atendidas tiveram causas predominantemente orgânicas, como alterações hormonais ou problemas originados por alguma doença. A maioria das queixas tinha fundo psicológico e sociocultural. Provavelmente existem diversas causas, já que o motivo dificilmente é um só.

A disfunção sexual hipoativa (nome da ausência persistente ou recorrente de desejo) pode ser consequência de desordem glicêmicas, como diabetes, alterações da tireoide e hiperprolactinemia (o excesso de produção de prolactina, hormônio responsável pela produção do leite), mudança hormonal intensa também causa transtornos de humor. Algumas situações/exemplos:

A prolactina, responsável pelo aumento das glândulas mamárias e produção láctea, é também um bloqueador da estimulação das gônadas (nas mulheres, o ovário), diminuindo a produção dos hormônios sexuais. Mas existem duas outras explicações para uma mãe em período de amamentação não ter desejo: há o cansaço causado pela rotina do bebê e as questões físicas das dores pós-parto.

Desconforto na penetração: quando a falta de libido vem associada à dor na hora do sexo (dispareunia), as causas podem envolver infecções dos órgãos pélvicos. Nesses casos, ou são consequência de infecções sexualmente transmissíveis, ou decorrência de processos inflamatórios, como pós-cirúrgicos, endometriose e tuberculose pélvica. A dor também pode vir de distúrbios psicológicos, como o vaginismo, que é a contração involuntária da musculatura vaginal e ainda ser resultado de outras alterações anatômicas, que só o médico pode diagnosticar.

A pílula: alguns anticoncepcionais também estão relacionados, pois reduzem a libido gerando uma menor oferta de testosterona livre no sangue. Alguns métodos contraceptivos apresentam baixas doses de estrogênio, o que promove uma diminuição da lubrificação vaginal e o trofismo da parede vaginal. No último caso, também pode ocorrer dor durante o ato sexual.

A ginecologista Sueli Tapigliani ressalta que não devemos isolar o método anticoncepcional hormonal como causa única. Existem outros fatores que podem se associar e instalar a disfunção sexual, que vão de causas ambientais, como no uso de drogas/álcool, a causas psicossomáticas, ligadas a depressão e estresse.

Câncer: a libido pode diminuir durante o tratamento para eliminar um tumor. Alguns tratamentos, principalmente contra o câncer nos órgãos pélvicos podem gerar fatores que dificultam o prazer. A radioterapia local, por exemplo, pode causar o estreitamento e o ressecamento vaginal. Em alguns cânceres, onde é utilizado hormonoterapia, pode gerar a diminuição orgânica da libido.

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