22 de dezembro de 2024
13 DE AGOSTO

Como é dura a vida do canhoto: ‘sentimento de exclusão’

Por Erivan Monteiro | erivan.monteiro@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
Claudinho Coradini/JP
Luiza Mendo lamenta que ‘tudo é feito pensado no destro’

Nesta terça-feira (13), é comemorado o Dia Internacional do Canhoto. No entanto, não há muito o que comemorar em um mundo feito praticamente de forma exclusiva para os destros. As pessoas que escrevem com a mão esquerda têm muitas dificuldades no dia a dia, seja no serviço, na escola ou nos afazeres domésticos.

Estudos liderados pela Universidade Nacional Capodistriana de Atenas (Grécia) e pela Universidade de St. Andrews (Reino Unido) concluíram que 10,6% da população mundial é canhota. A pesquisa foi abordada em artigo na revista “Psychological Bulletin”. Isso significa que, em um mundo com mais de 8 bilhões de pessoas, existem cerca de 800 milhões de canhotos. Apesar disso, não há muita preocupação com essas pessoas “diferentes”.

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O canhoto enfrenta muitos desafios no dia a dia, que variam desde usar uma tesoura até se sentar ao lado de um destro para fazer uma refeição. Na faculdade, há pouquíssimas carteiras para os que escrevem com a mão esquerda; já no escritório, o “mouse” do computador, por exemplo, é do lado direito.

“A minha maior dificuldade é escrever. Eu só consigo se o papel estiver deitado; então quando o papel está na vertical, eu não consigo escrever e tenho sempre que explicar que preciso virar o papel”, conta a assistente administrativa Luiza Mendo, 36 anos, que mora na Pauliceia.

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“Uma vez, quando fui fazer um teste psicotécnico, precisava fazer com a caneta vários risquinhos do mesmo tamanho em uma folha sulfite e não poderia virar a folha na horizontal”, conta. “Assim, tive de convencer a moça que estava aplicando o teste a deixar a virar a folha... para eu conseguir deixar todos os risquinhos do mesmo tamanho e em linha reta”, lembra.

Para ela, há um “sentimento de exclusão no sentido que a todo o momento o canhoto precisa se adaptar”. “Tudo é feito pensado no destro, dessa forma, nos adaptamos e, às vezes, essa adaptação pode até nos machucar. Exemplo: segurar o abridor de lata no sentido contrário”, explica.

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De fato, o canhoto tem sempre de pensar em outra forma de executar uma tarefa. E muitos sofrem por não ter o conforto necessário. “Tarefas simples se tornam difíceis só pelo fato de a pessoa ser canhota. Um exemplo: descascar frutas, escrever no caderno com espiral, cortar com tesoura”, finaliza Luiza.

GÊNIOS
Em que pese as dificuldades, muitos canhotos são exaltados, seja na arte, na ciência ou no esporte. Nomes como Albert Einstein (físico alemão); Ayrton Senna (tricampeão mundial de Fórmula 1); Beethoven (compositor); e Leonardo da Vinci (um dos mais importantes artistas da história) são alguns exemplos de gênios que usavam a mão esquerda.

O técnico José Batista, que comanda projetos sociais no handebol em Piracicaba, diz que o atleta canhoto é parte fundamental no processo; ele atua na ponta direita do ataque. “Quando há teste ou seletiva, a gente procura canhoto, de preferência alto ou baixo e rápido para jogar na ponta ou na armação”.

“Geralmente, as equipes têm um ou dois canhotos em um time com 30, 40 jogadores. É uma raridade. Inclusive, as grandes equipes do Brasil procuram canhotos e está difícil e achar. Por isso, a gente sempre dá preferência quando encontra um”, completou o professor.

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