12 de agosto de 2024
LUTO

Legardeth Consolmagno: médico dedicou 68 anos à oftalmologia

Por Roberto Gardinalli | roberto.gardinalli@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 3 min
Claudinho Coradini/JP

Faleceu no último domingo (11), o médico oftalmologista Legardeth Consolmagno, um dos nomes mais famosos de Piracicaba, aos 100 anos de idade, completados no dia 19 de janeiro de 2024. O velório aconteceu no Salão Nobre da Câmara de Piracicaba nesta segunda-feira (12), e o sepultamento foi no Cemitério Municipal da Saudade. Foi casado com Dalvina Consolmagno durante 75 anos, com quem teve cinco filhos: Cristina, Gina, Carlos, Estela e Ligia. Viveu, também, cercado por netos e bisnetos.

Saiba mais

Nascido em Rio das Pedras em 1924, chegou a Piracicaba em 1933, onde fundou a Ótica e Relojoaria Consolmagno, na rua Governador Pedro de Toledo. O médico passou alguns anos fora da cidade, retornando em 1959. A jornada acadêmica teve início na Escola Normal, hoje Escola Sud Mennucci, onde enfrentou desafios por conta da alfabetização. “fiz a matrícula para o segundo ano, mas eu não pude, pois não era alfabetizado, e precisei fazer o primeiro ano de novo, e realmente eu não estava alfabetizado. Depois também descobriram um outro problema: que eu não enxergava direito, tinha miopia”, contou, em entrevista concedida ao JP em janeiro de 2024, antes do seu centenário.
Em 1952, se formou em medicina pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e iniciou sua carreira como médico do sertão, participou do atendimento no primeiro surto de febre amarela, realizou partos, e especializou-se depois em oftalmologia. Reconhecido por sua notável carreira, Consolmagno recebeu o título de “Médico do Ano” da Associação Paulista de Medicina em 2001 e, no ano seguinte, foi homenageado como “Cidadão Piracicabano” pela Câmara Municipal de Piracicaba. Também participou do Primeiro Congresso de Ética Médica, ocasião em que foi estabelecida a terceira reforma do código de ética médica, que contou com a participação de 200 profissionais.

“Eu gostava de ouvir as histórias contadas por médicos, e fui me envolvendo ao ponto de gostar da medicina e querer ser médico”, disse. “Meu pai tinha uma casa de ótica quando eu ainda estava estudando. Eu gostei da oftalmologia, mas de início, eu não tinha condição de me formar e já iniciar a profissão”, relembrou. “Eu iniciei a vida profissional fazendo um pouco de tudo. Estive no interior do estado do Paraná, dois filhos meus nasceram lá. Eu tive de fazer um período de cinco anos trabalhando como médico cirurgião geral para fazer o percurso e fazer a compra do consultório. Eu atuei 68 anos como médico, até os meus 96 anos”, contou.

Durante o exercício da medicina, também fez amizade com o médico doutor Losso Netto, que foi diretor do Jornal de Piracicaba. E relembrou como era a amizade. “Ele era culto, inteligente, tinha uma vocação artística muito boa. Ele tinha uma presença cultural muito forte. Trabalhamos juntos, era um grande amigo.

Completados 100 anos de vida, Legardeth revelou um segredo almejado por todos: o da longevidade. Para ele, o segredo de uma vida longa era simples: viver. “Viver e enfrentar a vida. Sabendo que todos os problemas, todas as coisas, têm solução. Mais cedo, mais tarde, com uma tarde, sem uma tarde. Então, não adianta se desesperar, as dificuldades virão sempre em todos os lugares. Se for querer resolver tudo na mesma hora, acho que o importante é enfrentar, é saber que existe e dar tempo ao tempo. Não se desesperar ou querer resolver todos os problemas da mesma hora. A maioria de nossos problemas se resolve sozinhos. A natureza se encarrega de endireitar”, disse o médico.

Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.

Siga o Canal do JP no WhatsApp para mais conteúdo.