23 de novembro de 2024
ARTIGO

Se cuida, Piracicaba!


| Tempo de leitura: 3 min

Pi-ra-ci-ca-ba!

Quem busca no Google essa palavra feminina paroxítona de cinco sílabas vai encontrar o nome de uma cidade em um mapa, rodeada de rodovias e com um traço em azul que a risca de ponta a ponta.

Em destaque, uma foto de um rio, uma mata ao redor dele e alguns prédios no horizonte, bem como uma carinha de município do interior.

O Wikipedia diz que ela fica situada a 150 km da capital paulista e tem mais de 1.378 km² de área. Em 2022, havia 423.323 pessoas morando em suas terras, sendo o 13º município mais populoso do estado de São Paulo.
Já o Tripadvisor recomenda alguns pontos turísticos: Parque da Rua do Porto, Alto do Mirante, Capela do Monte Alegre e Esalq (ou Escola Agrícola, como preferir).

No dicionário Michaelis, “piracicaba” vem do Tupi, “pira-syikáwa”, que significa “Lugar do leito do rio com água mansa, próprio para a pescaria”. Já no Dicionário Online Em Português, a tradução mais conhecida: “Lugar que, por acidente natural no leito dos rios, como queda-d'água, não permite a passagem dos peixes, sendo por isso favorável à pesca”. Ou seja, o “Lugar Onde O Peixe Para”!

Até parece que a internet sabe tudo sobre essa Piracicaba, com seus dados e indicações, mas só quem vive ou viveu em suas terras pode, de fato, entender o que esse nome significa.

Piracicaba sempre abraçou seus filhos, mas também adotou quem vem de fora. Suas universidades, sejam as estaduais ou privadas, deram a oportunidade de estudo de quem não nasceu em suas terras. Universitários de todas as áreas do conhecimento foram para Piracicaba e de lá nunca mais saíram. Outros, que se formaram e continuaram suas jornadas para outros lados, guardam “Pira” no coração e, quando surge uma oportunidade, voltam para visitá-la.

Piracicaba é uma terra formada por forasteiros. Várias multinacionais se instalaram nas belas terras piracicabanas e brasileiros e estrangeiros encontraram neste vale desconhecido uma oportunidade profissional. Ali, criaram família, amigos e um verdadeiro lar.

Piracicaba é mãe, com aquele coração que sempre cabe mais um.

Nós, filhos de sangue desta terra fértil e amada, sabemos muito o quanto a queremos bem. Talvez por isso não somos tolerantes com seus governantes, que vêm e vão, fazendo, muitas vezes, da nossa querida Piracicaba de “gato e sapato” para interesses próprios de poder e grana. Mas ela resiste, sempre, aos trancos e barrancos.

Quantos destes, que chegam ao Executivo municipal ou na Câmara de Vereadores, de fato, amam a cidade como nós, meros cidadãos, que queremos mais do que um asfalto lisinho ou uma ponte nova.

Talvez por isso a gente queira que nossos artistas, sempre tão aclamados mundo afora, ou nossos esportistas, que se destacam em competições nacionais e internacionais, sejam valorizados e não precisem implorar por espaço ou patrocínio.

E choramos quando levam o nome da cidade ao pé da letra, em sua tradução literal do lugar onde o peixe para, não pela natureza natural do curso de seu rio famoso, mas pela falta de consciência das indústrias em transformar seu leito em águas mortais.

Piracicaba, seus 257 anos não tem sido fáceis, desde o extermínio de seus povos originários até a matança de seus peixes pela ganância humana dos homens brancos.

Um catecismo infinito do pensamento conservador, que cega e desune seu povo, tornando a cidade em uma província com nós difíceis de desatar. As urnas que o digam!

Sou um filho pródigo de Piracicaba que quando volta pra casa coloca o rabinho no meio das pernas e fica deslumbrado com o desbunde magistral do rio que tanto ama, do céu azul e o pôr do sol perfeito que repousa em suas colinas.

Se cuida, Piracicaba, que a gente continua te amando.

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