21 de julho de 2024
IMPRENSA

Primeiro jornal de Piracicaba em letra de forma completa 150 anos

Por Nani Camargo |
| Tempo de leitura: 3 min
Foto: Wikipédia
Foto mostra um dos poucos registros de Brasílio Machado

Muitos piracicabanos talvez não saibam, mas a imprensa local completou 150 anos neste mês. "Foi, realmente, em 4 de julho de 1874 que surgiu em Constituição o número inicial de 'Piracicaba', o primeiro jornal em letra de forma que os conterrâneos viram. O município tinha necessidade de um periódico representativo. Denunciava bom progresso, no concerto das demais cidades do interior da província", escreveu Leandro Guerrini, o Léo Guerra, na publicação do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba) "A Semana na História", de 2009.

Colaborador do JP e também membro do IGHP, Edson Rontani já falou em seus artigos do redator e criador de 'Piracicaba', o doutor Brasílio Augusto Machado de Oliveira, promotor público, poeta e orador. Era publicado em quatro páginas às quartas-feiras e aos sábados e as assinaturas custavam 10$000 para a cidade e 12$000 para fora.

O JP tentou encontrar uma foto do jornal nos arquivos históricos da cidade, mas em nenhum acervo consultado foi possível localizar. Léo Guerra, em uma de suas publicações, disse que “o paciente pesquisador Jair Toledo Veiga localizou alguns exemplares desse jornaleco, de profundo sabor histórico, com peças de processos, nos cartórios de nossa terra. Valiosíssimos”. No entanto, como o Fórum não é mais no mesmo lugar faz tempo, também não foi possível fazer essa consulta.

No entanto, sobre seu redator, há muita informação histórica. Samuel Pfromm Netto, no Dicionário de Piracicabanos, faz diversas menções a Brasilio Machado. “Além de criador e redator do primeiro jornal da cidade, atuou como promotor público local de 1873 a 1876, tendo deixado a cidade a 12 de maio deste último ano (...) Por ocasião da célebre Exposição Internacional de Filadélfia (1876), comemorativa do centenário da independência dos EUA, Brasílio Machado fez uma edição em inglês do seu jornal, com notícias e informações sobre Piracicaba (então denominada Constituição), para distribuição gratuita no local da exposição”, escreveu.

No mesmo ano, segundo Pfromm Netto, ele publicou seu livro de poesias Madresilvas, impresso em Portugal, no qual figura o formoso poema de exaltação de Piracicaba que a designa como Noiva da Colina. O pesquisador diz que Machado conheceu a pobreza e era muito jovem quando perdeu o pai. Em 1868, passou a frequentar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Foi aluno e amigo de José Bonifácio. “Este o indicou posteriormente para governar a província do Paraná. Formou-se em 1872 e doutorou-se em 1875. Depois de residir e trabalhar em Piracicaba, tornou-se promotor público em Casa Branca, SP, onde também advogou, de 1876 a 1879. Exerceu vários cargos até 1884, quando foi escolhido para ser presidente da província do Paraná (1884-85). Liderou várias organizações políticas e defendeu tese para cátedra (1890-91) na faculdade de direito em que se formou. Ocupou a cadeira nº 1 da Academia Paulista de Letras, de que também foi presidente. Na imprensa, após a sua atuação à frente do primeiro jornal piracicabano, foi colaborador, fundador e diretor de diversos jornais”, traz o 'Dicionário de Piracicabanos'.

Brasílio Machado era católico devoto e fez parte de entidades respeitáveis

O pesquisador e escritor Samuel Pfromm Netto, no Dicionário de Piracicabanos, conta que Brasilio Machado fez parte de várias entidades respeitáveis, como a Academia Brasileira de Letras, o Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tendo dirigido o Banco do Crédito Real de São Paulo. “Católico devoto, sua produção literária é considerável. Inclui enorme quantidade de artigos de jornal, poesias, ensaios, depoimentos, discursos, estudos e textos na área de direito e outros”, escreveu na publicação do IGHP.

Em 1907 assumiu o posto de redator-chefe do São Paulo, diário matutino católico, fundado com a sua colaboração em 1905. Depois, tornou-se presidente, no Rio de Janeiro, do Conselho Superior de Ensino da República, em 1911. Nasceu em São Paulo em 4 de setembro de 1848 e faleceu também na capital paulista em 5 de março de 1919.

Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.

Siga o Canal do JP no WhatsApp para mais conteúdo.