21 de julho de 2024
AMBIENTE

Desastre no Tanquã afeta além dos peixes, diz professor da Esalq

Por Roberto Gardinalli | roberto.gardinalli@jpjornal.com.br
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Divulgação

A mortandade de peixes que assola o Rio Piracicaba desde o último dia 7 de julho trouxe impactos negativos à fauna além das águas do rio. Além do trecho urbano, onde o primeiro episódio foi constatado, o cenário trágico se espalhou, tambéme, para o Tanquã, área de preservação ambiental conhecida como o mini pantanal paulista. Para especialistas, a chegada da mortandade a uma área distante é grave, já que o Tanquã também abriga toda uma cadeia de animais que se alimentam dos peixes.

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“Existem já catalogadas 435 espécies de vertebrados lá, que inclui aves, répteis, mamíferos, anfíbios e peixes. Só de aves, são 290 espécies, é uma das áreas mais ricas em aves que a gente tem aqui no estado de São Paulo. E de peixes, 89 espécies, ou seja, é uma área extremamente rica de aves e peixes. Então, há toda uma cadeia trófica que depende desses peixes”, diz o professor da Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz), Flávio Gandara.

Além dessa questão, o especialista aponta o processo de decomposição dos animais mortos, que liberam ainda mais toxinas no local. “Esses animais começam a se decompor, liberando aquelas toxinas que os mataram e gerando mais outras no processo de putrefação. Portanto, se esses animais não forem retirados urgentemente da área, o impacto vai ser muito maior ainda na mortandade de outros animais daqui para frente”, diz.

A limpeza do Tanquã teve início na última sexta-feira (19), com o uso de hidrotratores que vão recolher os animais da superfície da água. Esses tratores retiram os peixes mortos do rio, transferem para uma embarcação de areia, cedida pelo Porto de Areia Graminha. Depois de cheia, a embarcação segue para a rampa montada na Chácara Estrela, do pescador José Benedito Veronez, o Paraná, que auxilia na operação desde o início. Depois, os peixes são retirados da embarcação com uma escavadeira e uma retroescavadeira os coloca em caminhões da Ambiental, empresa terceirizada da Prefeitura de Piracicaba, que leva o material até o aterro sanitário, em Piracicaba, para descarte correto. A operação conta ainda com o apoio das empresas Hidrotractor, Ambiental, Ecoterra, Raizen, Tectextil, Grupo São Martinho - Usina Iracema.

Social

Além do impacto ambiental, o desastre causa problemas sociais à comunidade que vive na região. “Há toda uma comunidade que vive diretamente da pesca e também do turismo ecológico e de observação de aves e animais. Quem vai querer visitar um lugar onde há toneladas de peixe mortos? Certamente isso vai afetar severamente o turismo ambiental naquela região. Isso é extremamente grave em termos sociais”, lamenta o professor Flávio Gandara.