16 de julho de 2024
DOR DE CABEÇA

Enxaqueca: um problema gravíssimo de saúde pública

Por Ana Laura França |
| Tempo de leitura: 2 min

A enxaqueca é uma das condições neurológicas mais prevalentes e incapacitantes no Brasil, afetando milhões de pessoas de diversas idades e regiões. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, estima-se que cerca de 15% da população brasileira sofra de enxaqueca, o que representa aproximadamente 31 milhões de pessoas. Essa condição, caracterizada por dores de cabeça intensas e recorrentes, muitas vezes acompanhadas por náuseas, vômitos e sensibilidade à luz e ao som, impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

A enxaqueca pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum entre adultos jovens, especialmente mulheres, que são três vezes mais propensas a sofrer dessa condição do que os homens. Estudos indicam que cerca de 25% das mulheres brasileiras em idade fértil têm episódios de enxaqueca, e a prevalência tende a aumentar durante os anos reprodutivos, possivelmente devido a fatores hormonais.

Além do impacto pessoal, a enxaqueca também representa um desafio econômico significativo para o país. Dados do Ministério da Saúde mostram que as cefaleias, incluindo a enxaqueca, são uma das principais causas de absenteísmo no trabalho. Em 2022, estima-se que as empresas brasileiras perderam cerca de 2,5 bilhões de reais devido à perda de produtividade associada a essa condição. Os custos médicos diretos, como consultas, medicamentos e exames, somados aos custos indiretos, como dias de trabalho perdidos, contribuem para o peso econômico da enxaqueca no Brasil.

Apesar de sua alta prevalência e impacto, a enxaqueca muitas vezes é subdiagnosticada e subtratada. Menos da metade dos indivíduos que sofrem de enxaqueca procura atendimento médico, e muitos que procuram não recebem o tratamento adequado. Isso pode ser atribuído à falta de conhecimento sobre a doença tanto entre pacientes quanto entre profissionais de saúde. A enxaqueca é frequentemente confundida com outros tipos de cefaleia, e o tratamento inadequado pode levar ao uso excessivo de analgésicos, que por sua vez pode piorar a condição e levar à cefaleia por uso excessivo de medicamentos.

Nos últimos anos, têm surgido novos tratamentos e abordagens para o manejo da enxaqueca. A introdução de medicamentos específicos para a enxaqueca, como os triptanos, e mais recentemente, os anticorpos monoclonais direcionados ao peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), trouxe esperança para muitos pacientes que não respondiam bem às terapias convencionais. Além disso, a educação sobre a doença e a implementação de programas de manejo multidisciplinar têm mostrado resultados promissores na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

A conscientização sobre a enxaqueca é fundamental para melhorar o diagnóstico e o tratamento dessa condição debilitante. Campanhas de educação pública e a formação contínua de profissionais de saúde são passos fundamentais para assegurar que aqueles que sofrem de enxaqueca recebam o cuidado necessário para controlar seus sintomas e minimizar o impacto da doença em suas vidas.