16 de julho de 2024
ARTES

Joaquim Miguel Dutra, o artista que mais pintou o rio Piracicaba

Por Nani Camargo |
| Tempo de leitura: 3 min
A Província
Uma das poucas fotos de Joaquim Miguel Dutra

No mês de junho, no dia 19, foi lembrado o 160º aniversário de Joaquim Miguel Dutra. O piracicabano tem sua marca registrada na história da arte da cidade. Foi pintor, escultor em madeira, decorador, professor de pintura, compositor musical e instrumentista de oficlide. "Neto de Miguel Archanjo B. A. Dutra. Não teve a cultura dos filhos Alípio, João, Antonio de Pádua e Archimedes, mas teve a mesma alma poética. Foi pintor e decorador de paredes, igrejas, músico e escultor em madeira. Decorou igrejas de São Carlos, Caconde, Limeira e Capivari. Foi idealizador do pano de boca do Teatro Santo Estevão de Piracicaba (demolido para ampliação da Praça José Bonifácio). Foi o que mais pintou o Rio Piracicaba e seus arredores. Às vezes em série, para vendê-los a preços irrisórios. Noutras ocasiões os trocava por pastéis e cerveja", escreveu Cecílio Elias Netto, em um de seus vários textos sobre a família Dutra em 'A Província'.

O Dicionário de Piracicabanos, de Samuel Pfromm Netto, publicado pelo IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba), há muitas menções sobre os Dutras - uma família grande e ilustre. Especificamente sobre Joaquim Miguel, o autor traz informações valiosas sobre todas as habilidades do artista - aliás, seus filhos também seguiram seus passos. "Joaquim Miguel Dutra foi pai de uma plêiade de artistas plásticos. Um dos principais mestres do realismo ingênuo da região piracicabana. Como pintor e decorador, embelezou numerosas igrejas no interior paulista (Capivari, Limeira, São Carlos, Caconde, Itapira) com cenas bíblicas e figura de santos, tendo também decorado residências como as da Baronesa de Rezende, de José Leite Negreiros e do prof. Adolfo Carvalho, a igreja Metodista de Piracicaba, o prédio da Sociedade Italiana de Mútuo Socorro, o antigo Teatro Santo Estêvão.

Como músico, deixou numerosas composições: valsas, tangos, dobrados, xotes, peças para piano e outros instrumentos de solo. Fez parte de várias orquestras locais e apresentava-se em concertos locais juntamente com a Baronesa de Rezende, que era pianista, na casa desta", cita o livro.

Abaixo, o escritor Piracicabano Esio Antonio Pezzato com telas de Joaquim Dutra que coleciona em sua casa:

Sobre uma paixão chamada rio Piracicaba, presente na maioria de seus trabalhos, um dos trechos mais ilustrados é o que vai da curva da rua do Porto ao Salto. E uma curiosidade é que muitas de suas telas eram vendidas com as tintas ainda frescas. Joaquim Dutra nasceu em 16 de junho de 1864 e morreu em 29 de abril de 1930. Foi casado com Malvina de Almeida Dutra e teve os filhos Alípio, João, Antônio de Pádua e Archimedes - grandes pintores -, além de José e Helena. Tem seu nome perpetuado em praça pública no Jardim São Paulo, em Piracicaba.

De acordo com 'A Província", Joaquim Dutra foi artista múltiplo. "Calcula-se em milhares – cerca de 4 mil – as telas em que registrou, apaixonadamente, as belezas de Piracicaba por seus mais diversos ângulos. Espalharam-se pelo Brasil e se encontram também na Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Portugal, França. Pintou paisagens, naturezas mortas, figuras. E decorou teatros, igrejas, residências, mansões". Salve Joaquim Miguel Dutra!

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