27 de julho de 2024
ARTIGO

Conflitos e Rompimento familiar


| Tempo de leitura: 3 min

Vivemos em um mundo que a cada dia mais indivíduos restringem contato ou se afastam dos familiares para libertar-se das relações tóxicas ou em busca de amparo emocional. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cornell (EUA), publicada em 2020 no livro “Fault Lines: Fractured Families and How to Mend Them’’, demonstrou que sessenta e cinco milhões de pessoas nos Estados Unidos da América distanciaram –se de algum familiar e essa também se assemelha a realidade do Brasil. Embora não existam dados científicos, estatísticos, com frequência profissionais da psicologia relatam em pesquisas que em pratica clinica frequentemente pacientes relatam afastamento familiar.

E de acordo com especialistas em psicoterapia sistêmica familiar no laboratório de estudos de casais, família e comunidade, vinculado a Universidade de Fortaleza, aborda-se que no passado a família era considerada algo sagrado, e era inatingível, portanto nos tempos atuais ocorreram mudanças, e que as escolhas individuais de cada sujeito devem ser consideradas. E o afastamento familiar ocorre principalmente pela não aceitação em conviver com o outro como ele é, com suas escolhas diversas. A polarização política pode ser considerada um fator que frequentemente leva ao afastamento familiar, outro fator, levantado em uma pesquisa através das redes sociais, muito comum em depoimentos encontrados de indivíduos que se afastaram de familiares por identificarem disfuncional idades e formas toxicas de convivência. E em diversas situações esse rompimento pode proporcionar autoconhecimento para que os indivíduos tenham condições de construir laços significativos com outras pessoas em novas oportunidades de estabelecerem relacionamentos. E muitas vezes, afastar-se é a solução para preservar a saúde mental.

O excesso de expectativas frustradas, condutas consideradas inadequadas, divergência de valores e desrespeito também causam desavenças no núcleo de convivência familiar, evidenciando aqueles núcleos em que há excesso de rigidez de normas, regras e costumes. O sofrimento de muitos indivíduos pode assumir uma proporção existencial, tornando o afastamento dessas pessoas como uma condição importante de saúde mental, como casos vinculados a não aceitação da sexualidade.  E na atualidade muitos especialistas que estudam famílias, afirmam que é natural existirem conflitos no interior de uma família e isso sempre existiu desde os primórdios, porém a forma de lidar com os conflitos dentro desse núcleo mudou-se. No passado havia uma hierarquia de poderes e isso foi sendo descontruído ao longo do tempo.

Hoje as relações são mais horizontais e a juventude sente-se muito mais à vontade para discordar dos seus tutores. E essa divergência pode ser encarada como positiva segundo Fabricio Rocha pesquisador das relações familiares, doutorando pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, abordando que com o equilíbrio nas relações, constata-se uma diminuição de violências, tanto verbais quanto físicas. Compreende-se nessa nova geração que não é necessário bater em uma criança para educa-la, pois todos somos iguais e merecemos o mesmo respeito, principalmente para que condições existências continuem a melhorar no futuro.

E vale evidenciar que embora as famílias tenham um papel fundamental na vida de seus membros, é plenamente razoável sentir-se parte do grupo em que é acolhido, respeitado e amado. Entretanto antes de haver a dissolução do laço familiar, é preciso, sempre que possível, tentar por alguma forma de resolução do conflito. Na psicoterapia familiar, os pacientes são estimulados a buscarem pela compreensão do porque o outro pensa diferente e de alguma maneira tentar estabelecer o convívio respeitoso entre eles. Visando a redução de danos a pesquisadora Diana Divecha do Yale Center for Emotional Intelligence, elaborou dicas na tentativa em resolver conflitos emocionais familiares. Dentre as dicas, o reconhecimento da dor que você causou, sem justificar as razões, pois nesse momento é importante deixar de lado as defesas e entender e nomear a dor e a raiva da outra pessoa. Não há formula para se desculpar, e há vários caminhos para isso, encontre à sua maneira de fazer acontecer.

Explique o seu ponto de vista se a outra parte estiver aberta para a escuta, porém faça com cuidado para não piorar a situação. E mostre que você quer fazer dar certo, expressando sua sincera intenção de corrigir a situação e evitar que aconteça novamente. O amor está na forma encontrada por você para reparar a situação.

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