Está provado que a concentração de CO2 na atmosfera é o principal indicador da emergência climática que o mundo está vivendo, causando o aumento da temperatura global e resultando nos desastres climáticos que estamos assistindo.
A diminuição das emissões do gás carbônico é o grande dilema para as nações do mundo ao mesmo tempo que precisam lidar com o consumismo desenfreado de uma população que se apresenta cada vez mais sedenta em comprar.
Enquanto acordos são desenvolvidos, com metas cada vez mais apertadas para evitar um colapso global a curto prazo, popularizam-se os sites de venda internacionais que oferecem preços baixíssimos para itens que vão do desnecessário ao inútil, entre os principais deles estão Shein, Temu e Aliexpress. E, claro, tudo com uma ajudinha dos algoritmos e as redes sociais.
Para se ter uma ideia, os brasileiros bateram recorde em compras internacionais em 2022, com um crescimento de 150% em cinco anos, chegando a 176 milhões de itens importados. Em 2023, o número aumentou mais 35% em relação ao ano anterior.
Tais sites oferecem uma gama enorme e variada de produtos, muitas vezes com possibilidade de troca gratuita. Ou seja, se não serviu ou não gostou, basta devolver.
Mas o leva e traz de produtos comprados no conforto do lar tem um custo altíssimo para o meio ambiente. Fora a movimentação terrestre, existem as emissões causadas pelo transporte via mar e aéreo. E aí, para chegar aquele par de meia vindo da China que você comprou por meia dúzia de reais, quanto de CO2 será emitido?
Um projeto aprovado nesta semana no Congresso Nacional deve mudar pelo menos um pouco essa festa das compras internacionais, tentando, ainda, conseguir recursos para reverter um pouco a situação das emissões de carbono em solo brasileiro.
A Câmara dos Deputados aprovou a cobrança de taxa para produtos que custam até US$ 50 (cerca de R$ 255) comprados em sites internacionais. Antes disso, os produtos eram isentos nesta faixa de preço.
Já itens com valores entre US$ 50 e US$ 3.000 terão taxação de 60%.
A ideia é que a arrecadação vinda deste imposto, incluído no Projeto de Lei 914/24, engorde os fundos para o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), destinado ao desenvolvimento de tecnologias para produção de veículos que emitam menos gases de efeito estufa.
O Mover também vai reduzir o IPI para estimular a fabricação de carros e outros veículos menos poluentes.
Claro que há muito esperneamento por parte dos consumidores, que ficarão sem acesso a esses produtos, mas a taxação também favorece o comércio local.
É preciso destacar que, ao comprar um produto vindo de países que não seguem regras sobre trabalho infantil, e que muitas vezes possuem até mesmo trabalho análogo à escravidão, estamos fazendo parte de um ranking ainda maior – só pra comprar aquele item “no precinho”.
Há muitos vídeos na internet que mostram como é o dia a dia dos trabalhadores de sites de venda internacionais, que trabalham em ambiente extremamente quentes e sem parar.
Sem ter leis trabalhistas rígidas na China, empresas de venda de produtos online usam trabalhadores do Sudeste Asiático por cerca de 14 a 16 horas por dia, sete dias por semana, e salários baixos e sem contrato de trabalho, o que acaba se tornando uma verdadeira exploração.
Muitos deles fazem horas extras para complementar o trabalho ou apenas pelo medo de serem demitidos se negarem.
Antes de vomitar desaforos contra as novas regras brasileiras de importação, lembre-se que com um clique no botão comprar você está se envolvendo com todo esse esquema diretamente.
Além do mais, aproveite e reflita sobre o seu próprio consumismo e como ele pode ser uma peça fundamental para o futuro, porém nem tão distante, apocalipse climático.
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