Winston Churchill, primeiro-ministro da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, foi, sem dúvida, um dos maiores oradores do século XX. Curiosamente, em suas memórias ele revela que sentia tanto medo na hora de falar em público que havia adquirido o hábito de decorar previamente seus discursos, prevendo até mesmo as entonações de voz que faria em cada passagem. Somente assim sentia segurança para subir à tribuna. Isso não impedia que, sempre que algum opositor se apresentasse inesperadamente, ele logo o fulminasse com uma réplica curta e certeira, carregada de ironia, arrancando gargalhadas da plateia.
Uma vez, enquanto discursava, um deputado da oposição o interpelou dizendo que o que ele não era sincero, que ele era um homem de duas faces. Churchill, que não era nada bonito, logo respondeu: - Acha que se eu tivesse duas caras usaria esta aqui?
Outra vez, uma deputada indignada com o que Churchill dizia, não resistiu e o interpelou cheia de raiva: - Se eu fosse sua esposa, Mr. Churchill, colocaria veneno no seu café. - Pois sinceramente, minha senhora, se eu fosse seu marido, pode estar certo de que preferiria beber o seu café.
Outro caso interessante ocorreu durante um banquete, no qual Churchill (como aliás era frequente) excedeu-se na bebida. A senhora que estava defronte ao estadista, escandalizada, exclamou: - O Sr. é um bêbado, Mr. Churchill! Com voz pastosa, o velho Churchill deu o troco: - E a Sra. é feia. Da minha bebedeira estarei curado amanhã cedo, mas a sua feiura infelizmente é incurável.
Churchill e o dramaturgo Bernard Shaw se admiravam à distância, mas não se entendiam. Churchill não aceitava o socialismo fabiano de Shaw, e este rejeitava o conservadorismo aristocrático de Churchill. Conta-se que certa vez Shaw enviou a Churchill duas entradas para a apresentação de sua mais recente peça teatral, acompanhada de uma carta convidando-o a estar presente e levar um amigo “se tiver algum”. Churchill respondeu por escrito, de modo muito igualmente amável, lamentando não poder comparecer à primeira apresentação, mas dispondo-se a estar presente “se houver uma segunda apresentação”.
Clement Attlee, chefe do Partido Trabalhista e famoso por sua nulidade, era implacavelmente perseguido pelas ironias de Churchill. Certa vez, num discurso, ele se referiu à chegada de Attlee ao Parlamento: - Defronte ao edifício do Parlamento - disse com voz solene ? estava parado um táxi vazio... E, depois de fazer uma pausa para criar "suspense" entre os ouvintes, prosseguiu: - ... e dele desceu o Sr. Clement Attlee.
Quando o Marechal de Campo Montgomery, grande herói britânico da Segunda Guerra Mundial, publicou suas memórias, o êxito das vendas foi estrondoso. Ao que parece, o velho militar ganhou uma verdadeira fortuna em direitos autorais. A um jornalista que lhe perguntou se não considerava pouco ético o fato de Montgomery ganhar tanto dinheiro desse modo, Churchill ironizou: - O Marechal agiu de acordo com as melhores tradições do Exército Britânico... E, diante do olhar interrogativo do entrevistador, completou: - ... porque soube vender bem caro a sua vida!
Certa ocasião o genro de Churchill perguntou a ele, diante de várias pessoas, quem ele achava que tinha sido o homem mais brilhante da Segunda Guerra Mundial. A pergunta era provocativa, pois evidentemente Churchill não poderia dizer que era ele próprio, e também não poderia apontar nenhum outro nome. A resposta de Churchill foi inesperada: - Na minha opinião, meu caro, sem dúvida o homem mais brilhante foi Mussolini... E, diante do olhar surpreso dos interlocutores, completou: - ... porque mandou fuzilar o Conde Ciano. A graça da piada? É que o Conde Ciano era o genro de Mussolini...
Quando Churchill completou 80 anos de idade, um jovem fotógrafo foi fazer-lhe o retrato oficial. No fim, ao se despedir, o fotógrafo amavelmente disse que gostaria de poder, dez anos depois, fotografar os 90 anos de Churchill. Este, sempre espirituoso, respondeu: - Por que não, meu jovem? Você me parece gozar de boa saúde...
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