16 de julho de 2024
ARTIGO

Não à militarização da escola e da sociedade


| Tempo de leitura: 3 min

A implantação de um Estado policial avança sob o governo bolsonarista de Tarcísio de Freitas. Cada vez mais o governo vem politizando a atuação da Polícia Militar, de forma não apenas a intimidar e sufocar mobilizações que contrariem os planos desta gestão, como também como forma de sinalizar à base bolsonarista "raiz" que Tarcísio é o melhor nome para concorrer à Presidência da República em 2026, como representante da falida política de “bandido bom é bandido morto”.

O mais recente episódio dessa politização da PM, praticamente transformada em uma guarda governista, foi a vergonhosa, covarde e violenta investida contra estudantes secundaristas, a maioria meninos e meninas adolescentes, que lutavam na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo contra o projeto que cria escolas-quartel com dinheiro da Educação. Isso mesmo, o governador Tarcísio de Freitas, que quer reduzir de 30% para 25% o percentual do orçamento estadual para a educação, ainda quer utilizar recursos da educação estadual para implantar as escolas cívico-militar.

É muita ousadia e pouco caso com a educação pública estadual. Infelizmente, o projeto terminou sendo aprovado sob esse manto de violência, mas é importante notar que foram somente 54 votos a favor. Dezenove deputados não apareceram para votar em plena terça-feira.

O modus operandi é o mesmo da votação da privatização da Sabesp e, ao que tudo indica, será utilizado sempre que o governo tiver que impor à sociedade projetos que atacam os direitos da população.

Venceram uma batalha, mas ainda há muita luta pela frente. Juntamente com toda a comunidade, sobretudo estudantes, funcionários, pais e mães, estaremos mobilizados em cada escola para impedir sua militarização. Falácias como civismo, valores, segurança e melhoria do ensino não convencem a comunidade. Civismo e valores não necessitam de militares dentro da escola, muito menos ensino de qualidade. Escola é lugar de ensinar e aprender com liberdade, pluralidade, sonhos e diálogo, não com disciplina militar.

Não aceitamos que as escolas estaduais da periferia, que se tornaram verdadeiros "cadeiões" como resultado da política destrutiva do Estado se transformem agora em escolas-quartel.

O que a Educação precisa é de investimentos, gestão democrática, valorização dos profissionais da Educação, garantia de uma sólida formação básica, desde a educação infantil até o ensino médio. Tarcísio e Feder vão no sentido contrário: querem confiscar R$ 10 bilhões da Educação, valores atuais, estão digitalizando todo o processo educativo, rebaixando a qualidade do ensino, sufocando professores e prejudicando os estudantes.

Não pretendo culpabilizar os policiais militares, que são servidores públicos, também mal remunerados e trabalhando em más condições, sob hierarquia e cumprem ordens. Toda a responsabilidade cabe ao governo Tarcísio de Freitas, que nomeou para comandar a segurança pública no Estado uma pessoa que responde a 16 processos por homicídios, que deturpa o papel da corporação militar.

As consequências se fazem sentir. Recente pesquisa Datafolha aponta que a população,  sobretudo na Capital, tem uma percepção maior de insegurança nesta gestão. Isso ocorre também no interior e em minha cidade, Piracicaba, não é diferente. Acredito que cuidar da segurança da população, obrigação do Estado, também pode e deve contar com a participação do Município. Iluminação adequada, equipamentos e políticas públicas podem contribuir para isso.

Democracia, sempre!

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