Todos os dias, milhares, milhões (ou bilhões) de imagens e textos são criados artificialmente por meio de máquinas de inteligência robótica de empresas que começaram a oferecer esse tipo de serviço gratuitamente há pouco mais de um ano.
O ChatGPT é o mais popular onde o usuário pode solicitar textos inteiros a partir de um parágrafo orientando a máquina sobre o que ela precisa produzir. Em outro tipo de inteligência artificial, basta descrever o tipo de imagem que você deseja criar e, em segundos, o computador oferece opções de fotos de todos os tipos. Lembra daquela foto do papa vestido com um roupão de rapper? Até eu acreditei! As vozes também já estão sendo manipuladas, colocando artistas icônicos para cantar músicas de outros, por exemplo: Michael Jackson cantando La Isla Bonita, da Madonna. Ficou perfeito! Mais recentemente, até mesmo vídeos hiperrealistas estão sendo criados a partir da IA. Basta escrever: “quero um gato andando na sacada de uma janela em Paris”. Voilà! O vídeo sai prontinho. Tal tecnologia é ainda mais avançada por trás das cortinas onde, nós, meros mortais, não temos acesso. E isso tem feito a humanidade se perguntar cada vez mais o que é real ou não no mundo do audiovisual, onde toda manipulação é possível e cada vez mais perfeita.
A primeira prova de que teremos muitos desafios pela frente foi o “desaparecimento” de uma figura da realeza britânica que se transformou em um circo de mistério e memes. Kate Middleton, princesa de Wales, casada com o príncipe William, herdeiro da coroa britânica, havia feito uma cirurgia abdominal no início do ano e ficaria afastada dos olhos do público até a Páscoa. Porém, sem nenhuma aparição oficial desde dezembro de 2023, Kate acabou sendo foco constante do noticiário, que queria saber mais sobre seu paradeiro.
Tudo ficou muito mais estranho quando, no Dia das Mães britânico, em março, uma foto de Kate com os filhos foi publicada nas redes sociais. Especialistas (ou pseudo-especialistas) analisaram a foto com todos os detalhes possíveis, identificando que ela teria sido feita por Inteligência Artificial. A pergunta “onde está Kate Middleton?” ficou ainda mais distante de ser respondida, já que, se não fosse possível nem a publicação de uma foto oficial com os filhos, ela deveria estar passando por apuros. Daí provavelmente você já deve ter visto um sem-número de teorias conspiratórias sobre o fato. Eis que, depois de muita falação nas rodas de conversa e notícias falsas e especulativas na mídia de entretenimento, Kate apareceu em um vídeo, pouco antes da Páscoa, para anunciar que está tratando um câncer. Não bastou! Teorias conspiratórias voltaram a aparecer, tentando, frame a frame, provar que o vídeo também teria sido gerado por Inteligência Artificial. O fundo seria falso por não haver folhas se movendo, o anel do dedo de Kate sumia ao mover a mão, entre outros detalhes que são mais afirmações sensacionalistas do que evidências. Evidente é o poço profundo em que estamos nos jogando.
Com as produções por IA crescendo e a nossa percepção de mundo ficando cada vez mais duvidosa, fica cada vez mais difícil acreditar no que vemos e ouvimos na internet. O uso da IA para a geração de entretenimento já gerou uma lei no estado do Tennessee, nos EUA, a Lei Elvis Presley, que protege a voz de personalidades de cópia ou transformação por meio da IA. Mas o perigo mesmo é o uso criminoso da tecnologia, que já está sendo usada para enganar as pessoas, usando voz e imagem de familiares para pedir dinheiro pelas redes sociais. Outro perigo é o uso político. Se as fake news já deixaram as últimas eleições bem difíceis, com muita gente acreditando em falsidades, imagina toda essa tecnologia do momento. Será que empresas como Meta e Tik Tok estão prontos para isso? E nós, vamos respirar antes de acreditar em tudo o que recebemos passivamente em nossos telefones? Eu duvido!
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