21 de dezembro de 2024
ARTIGO

O lamentável legado de Luciano Almeida

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

Na efervescente década de 80, as concessionárias "Vimave" da Vila Maria e do Pacaembu, sob a égide de Silvio Santos, conquistaram um notável prestígio. Recordamo-nos de dois emblemáticos personagens, encarnados por Ary Toledo e Claudio Viana, que percorriam as ruas da Capital Paulista. Ao depararem-se com veículos avariados e caídos em buracos, proferiam o sábio lamento: "Pois é... Se tivesse comprado na Vimave!?"

Hoje, ao percorrermos as vias de Piracicaba, somos confrontados por uma realidade desoladora, ecoando o icônico jargão de forma irônica: "pois é"... Pois é...

O cenário de ausência de zeladoria, manutenção e investimentos reflete-se diretamente na gestão do preboste do que podemos classificar como o pior da história de Piracicaba durante todo o período da República.

Infelizmente, Luciano Almeida será lembrado como o "Preboste do 'pois é'", um título conferido à sua gestão ineficaz que perdurou por três longos anos. Durante esse período, a cidade vivenciou um notório abandono, manifestado em crateras nas vias, parques públicos engolidos pelo mato, a supressão de árvores sadias e ataques a instituições democráticas, como faz com o Sindicato dos Servidores e aos próprios funcionários públicos.

Além das lamentáveis demonstrações de desconhecimento e desconsideração pela cidade que se propôs a Administrar, negligenciou  a cultura e a sua história; quem não se lembra do tapa na cara da sociedade piracicabana quando Lulu se recusar a ser festeiro do divino – tradição de todos os Prefeitos anteriores – além da destruição da pinacoteca cujas obras de arte hoje encontram-se deteriorando em locais impróprios para armazenamento, ou ainda da nosso falecido observatório astronômico cujas peças foram descartadas e, para completar, volvemos a recente tentativa de descaracterização da rua do porto e do engenho central.

As críticas mais contundentes da população piracicabana envolvem questões vitais, tais como o transporte coletivo de qualidade precária, o desleixo com a saúde pública, o colapso da segurança municipal mediante a contínua redução do efetivo da guarda municipal, as condições deploráveis no saneamento e tratamento de água, a ausência de investimento em modernização e manutenção de equipamentos, e uma questionável metodologia educacional importada.

A negligência se estende ao patrimônio público, com próprios municipais abandonados e desprovidos de licença para funcionamento, colocando em risco a vida de servidores e cidadãos. O desdém é perceptível na frota de veículos, máquinas e ambulâncias, grande parte proveniente de repasses parlamentares, sem investimentos subsequentes. A solução encontrada pelo prefeito é alugar veículos, evidenciando a incapacidade de realizar licitações durante seu mandato.

Para os meses que restam à atual administração, a orientação é realizar uma cosmética urbana utilizando recursos financeiros provenientes de empréstimos.

A ruptura da tubulação (duto) da Captação 03 do SEMAE revela a fragilidade do sistema de distribuição e captação de água, resultado da escassez de funcionários, falta de investimentos e desatenção às novas tecnologias.

Além dos desafios infraestruturais, o clima nos setores públicos é de perseguição aos servidores: Vide criação de uma corregedoria parcial; questionável devido à nomeação da corregedora pelo prefeito. Em síntese, uma série de descasos, negligências e carência de investimentos, legando à próxima gestão um desafio colossal.

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