16 de julho de 2024
ARTIGO

Aproxima-se o Natal

Por André Salum |
| Tempo de leitura: 3 min

Mais uma vez nos aproximamos do final do ano, quando, nas tradições cristãs, se comemora o Natal. Em nossa sociedade marcadamente materialista, imediatista e consumista, o Natal perdeu seu significado essencial, transformando-se em uma festa profana, na qual se come e bebe em meio a reuniões sociais com muito pouco ou nenhum conteúdo espiritual. Não há nesta despretensiosa reflexão nenhuma crítica aos encontros familiares de final de ano, sempre bem-vindos; apenas procuramos compreender sua motivação, sentido e propósito, pois o significado profundo da vinda do Cristo ao mundo parece ter se perdido para nós, dando lugar a festas que atendem a interesses sociais e comerciais.

Apesar das lembranças natalinas dos movimentos cristãos, sejam católicos romanos ou ortodoxos, espíritas ou protestantes, ainda estamos muito longe de compreender o significado do legado espiritual de Jesus e de praticar o que nos ensinou.

Após a partida do Mestre, ao longo da história movimentos religiosos têm-se formado, atribuindo-se o título de cristãos. A despeito da existência de tantas religiões de inspiração cristã espalhadas pelo mundo, muito pouco temos cumprido do que Jesus ensinou e propôs. Obedecemos muito mais às leis humanas que às divinas, servimos mais a César que a Deus, interessamo-nos mais fortemente pelas coisas do mundo material do que por aquelas transcendentes e espirituais. Enquanto predominar essa atitude, cremos que haverá pouco significado em comemorar o Natal, pois ainda não nos oferecemos para cumprir os propósitos divinos, não abrimos nosso coração para que o amor se manifeste e, por enquanto, não permitimos que a energia crística flua através de nosso ser.

Basta uma breve observação sincera de nós mesmos e do mundo para constatarmos quão pouco somos seguidores de Jesus. Podemos ostentar títulos e seguir convenções religiosas, praticar rituais e participar de cerimônias diversas, mas se não sentirmos nem manifestarmos o amor em nossa vida cotidiana, de nada adiantam as aparências exteriores. Segundo a conhecida lei universal de causa e efeito, cada um, de acordo com seus pensamentos, sentimentos e ações, revela sua natureza íntima e constrói seu próprio destino. Portanto, a semente crística trazida e apresentada por Jesus tem germinado, florescido e frutificado em todo aquele que é amoroso e respeitoso, puro e humilde, mesmo quando não vinculado a nenhuma religião formal. Para nós, permitir a livre manifestação do Cristo interno, modificando para melhor nossas atitudes e condutas, palavras e ações, é o tributo de gratidão mais puro que podemos prestar àquele que nos revelou e nos deu o exemplo do caminho para nossa divinização.

As palavras de Jesus não deixam dúvida: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” Nenhum rótulo, nenhuma condição exterior, nenhuma filiação religiosa: apenas e tão somente a expressão do amor.

A condição do mundo em que vivemos (reflexo e expressão de nosso mundo interior) torna evidente a escassez de amor, o que reforça a urgência de nos tornarmos mais receptivos aos impulsos espirituais, a fim de que manifestemos alguma parcela da luz crística e do amor divino personificados por Jesus. Neste período em que a lembrança do nascimento de Jesus se torna força inspiradora, que colaboremos, com nossa pequenina parcela de boa vontade e de serviço ao bem comum, com o nascimento do mundo novo de fraternidade e paz, anunciado há dois mil anos e prestes a se realizar.

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