Começa amanhã (9) e segue até domingo (12), a 16ª edição do Festival de Circo SP, com programação totalmente gratuita em diversos espaços do Parque do Engenho Central e, dentro do projeto de descentralização da cultura em Piracicaba, com espetáculos em quatro bairros da cidade. A edição de retomada do evento, que não aconteceu no período da pandemia, deve atrair cerca de 50 mil pessoas durante os quatro dias, segundo os organizadores.
O evento é uma realização do Ministério da Cultura e do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, em parceria com a Prefeitura de Piracicaba, por meio da Semac (Secretaria da Ação Cultural), e com gestão e produção da Associação Paulista dos Amigos da Arte.
Amanhã, quinta e sexta-feira, as atrações são voltadas às crianças de escolas públicas e privadas da cidade. O evento que marca a abertura oficial, na sexta-feira, a partir das 19h, na lona Piolin, será aberto ao público em geral, sob o comando de Luís Ricardo, que interpretou por anos o palhaço Bozo. Na sequência, será apresentado o espetáculo Frissons: Um show da pesada, da Cia Sabatino Brothers, às 20h, contando com interpretação em libras.
No sábado e domingo, o festival é aberto ao público. Para os espetáculos nas três lonas é preciso retirar ingresso uma hora antes de cada apresentação, na bilheteria do festival, montada próxima ao Pequeno Pátio do Engenho Central.
O 16º Festival de Circo SP oferece mais de 50 atrações divididas em espaços no Engenho Central: as lonas Arrelia, Pimentinha e Piolin, além do Palco Figurinha, Teatro Municipal Erotides de Campos e intervenções circenses que animam o público nas áreas externas.
O festival apresenta grandes expoentes do circo tradicional e contemporâneo, com números de ilusionismo, malabarismo, contorcionismo, acrobacias e palhaçaria. Entre os inúmeros destaques do evento estão o espetáculo Nós Podemos!, da companhia As Amazonas, formada inteiramente por mulheres, a Festa na Roça, do Coletivo Piracema, composto por artistas que se encontraram em edições passadas do festival, e Amateur, do Palhaço Satin, que utiliza uma técnica surpreendente de manipulação de objetos.
Marília Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, fala da relevância do festival à cultura no interior paulista. "O Festival de Circo SP é um evento que reúne e valoriza as diversas expressões que integram a linguagem circense no estado de São Paulo. Nós queremos criar um espaço de encontro para os grupos e artistas de circo paulistas, promovendo oportunidades de intercâmbio e para difundir esta arte. Em seu 16º ano, o festival está de volta para o público do interior, cumprindo mais um compromisso do Governo do Estado, com uma programação emocionante e gratuita para todos nós, fãs de circo".
Carlos Beltrame, secretário da Ação Cultural, ressalta a volta da efervescência cultural em Piracicaba e o circo como arte essencial neste processo. "O circo é a porta de entrada à vida cultural de muitas pessoas, seja como público e profissional. Nestes próximos quatro dias, o Engenho Central e alguns bairros receberão as cores, movimentos e encantamentos de sempre fascinante arte circense".
"O Festival de Circo SP tem o compromisso de promover não apenas o riso e o entretenimento, mas também o acesso à cultura. Tornar o festival e os demais programas que gerimos mais inclusivos e acolhedores é atuar de fato na formação de público, o que tem como resultado uma sociedade mais justa e harmoniosa", completa Gláucio Franca, diretor geral da Associação Paulista dos Amigos da Arte.
FESTIVAL DESCENTRALIZADO
O 16º Festival de Circo SP sai do Engenho Central e chega aos bairros da cidade, uma iniciativa que vai de encontro do projeto da administração Luciano Almeida, por meio da Semac, de descentralizar a cultura em Piracicaba. Serão quatro apresentações: no sábado (11), a Agência Circo leva o espetáculo Fabuloso Parque Itinerante Circle às 11h a Santa Terezinha e, às 14h, o mesmo circo chega ao Varejão Gilda.
No domingo (12), o Coletivo Piracema leva a Festa na Roça, às 11h, ao bairro Vila Sônia e, às 14h, a Cia. Circo Rebote apresenta Columpio no bairro Novo Horizonte.
ESTRUTURA
São três lonas montadas para o Festival de Circo SP, cada uma tem nome de um palhaço paulista, ícone da arte circense. A maior, Piolin, tem 36 metros quadrados, com 1.100 lugares. Tem também a lona Arrelia, com 28 metros de diâmetro, com 750 lugares. A menor é a lona Pimentinha, com 18 metros de diâmetro, com capacidade para abrigar um público de 250 pessoas. Outro espaço que toma forma é o Palco Figurinha, entre o fundo do Teatro Municipal Erotides de Campos e o Armazém 14, um lugar que terá atrações no sábado (11), e domingo (12), de hora em hora, e não requer retirada de ingresso.
TRADIÇÃO E ESTILO DE VIDA
Circo é uma experiência, uma vocação, ao mesmo tempo em que é uma arte plural e inspiradora, nas palavras de César Guimarães, 61 anos, da quinta geração de família circense e o diretor técnico circense do 16º Festival de Circo SP, presente em todas as edições do evento.
Em meio aos ajustes finais do palco da principal lona do festival, a Piolim, armada no meio do Grande Pátio do Engenho Central, Guimarães lembra como o circo está presente em cada momento de sua vida e em cada história que conta. "O circo é a nossa vida, não temos o circo como uma profissão, é um estilo de vida".
Guimarães fala com a experiência de 50 anos exclusivamente vividos na arte circense, entre estradas e palcos. É uma tradição que carrega consigo desde seu tataravô, um indígena da região serrana do Rio de Janeiro que foi iniciado neste universo por uma trupe cigana. "Hoje, inclusive, já estamos na sexta geração de circenses – meus filhos já estão vivendo do circo".
A mãe de Guimarães, Haime Del Duque, era trapezista e, durante uma temporada do circo em que pertencia na cidade de Lins, no interior de São Paulo, conheceu um motorista, que viria a ser seu pai, Orestes Ribeiro. "Ele se apaixonou, largou tudo, e foi embora junto a ela com o circo".
Guimarães conta que já fez de tudo no circo em cerca de 50 anos – parou de atuar no início da década de 2010. "Só não fiz malabares, mas fiz palhaço, trapezista, motorista, eletricista e mágico". Ele iniciou atividades no circo montado pelo seu avô, o Circo Teatro Guaianases, o mesmo onde atuava sua mãe e seu pai. "O nome é uma homenagem a um município de São Paulo que o ajudou muito quando ele criou o cerco".
E se Guimarães tem vontade de sair da técnica para o picadeiro? "Sempre, sempre", conta, que mostra o braço arrepiado e em voz trêmula de emoção e nostalgia. "É a minha paixão".
Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.
Siga o Canal do JP no WhatsApp para mais conteúdo.