27 de julho de 2024
ARTIGO

A guerra colocada como espetáculo

Por Walter Naime |
| Tempo de leitura: 3 min

As cortinas se abrem. Vai começar o espetáculo com a “Ópera da violência e da destruição”.

As raízes da guerra normalmente são de origens econômicas, religiosas e de poder. Estão intrinsecamente ligadas entre si por uma ou mais dessas raízes.

Em grande parte dos casos, a busca por recursos, território, influência religiosa ou controle político serve como gatilho para iniciar conflitos armados.

Enquanto isso, os líderes discutem retórica e geopolítica e as vidas de inúmeras pessoas são afetadas de maneiras desastrosa.

A guerra como espetáculo é um fenômeno que levanta questões sobre o funcionamento da sociedade, da mídia e da política. É um lembrete de que existem vidas e destinos em jogo.

O espetáculo que se desenha a partir desse cenário, muitas vezes mascara as verdadeiras razões por trás dessa estupidez humana.

O espetáculo possui o seu foco de interesse e sua essência tem o poder de dirigir a atenção para onde quer que pretenda. Isso é particularmente evidente nas coberturas midiáticas das guerras.

A mídia jornalística, radiofônica e televisiva, não raro se concentra em aspectos sensacionalistas dos conflitos, com cenas de destruição, tragédias humanas e atos de violência, desviando a atenção das causas subjacentes. Essa abordagem pode distorcer a compreensão pública e obscurecer questões mais profundas.

Outro elemento notável no espetáculo da apresentação da guerra é o medo, ferramenta indispensável no evento como forma de exercer o poder. Governantes e grupos armados frequentemente exploram o medo para manter o controle sobre a população, justificando restrições de liberdade em nome da segurança.

O medo sempre é explorado pelos terroristas, que se utilizam da mídia para transportá-lo, que como componente, procura chocar e aterrorizar, o que provoca o aumento de audiência a custa da paz e da estabilidade. O terrorismo sem a mídia fica enfraquecido e até inoperante. Não dá para saber a forma e maneira que se funde o terrorismo como mídia.

Vamos lembrar que a competição na mídia dá à comunicação, um poder especial, pois a sua ferocidade desempenha um papel significativo na transformação da guerra em espetáculo. Cada bloco de notícias procura mostrar os “furos da história” de forma única e cativante, frequentemente priorizando a velocidade sobre a precisão. Isso leva a uma corrida pela cobertura mais dramática e impactante, às custas da profundidade da compreensão dos eventos.

Examinemos a conscientização na “Era do espetáculo”.

Em análise, a conscientização a respeito do papel do espetáculo na guerra é fundamental. À medida que as notícias são consumidas pelos expectadores, é nossa responsabilidade lançar o olhar além das imagens chocantes e manchetes sensacionalistas. Devemos procurar entender as complexas causas inerentes aos conflitos e questionar as narrativas simplistas que nos são apresentadas. Somente assim, poderemos resistir à sedução do espetáculo e trabalhar para um mundo mais informado e pacífico.

Ao buscarmos uma compreensão mais profunda, estaremos nos aproximando do entendimento mais claro e poderemos contribuir para estudos sensatos e esperançosamente caminharmos para a estabilidade e para a paz.

Apesar de tudo, sabemos que as cortinas do “palco da guerra” nunca vão se fechar e o espetáculo continuará sem plateia e sem aplausos.

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