O mundo alarmado nas últimas semanas a medida que a tensão entre Israel e Gaza continuam a assolar, a população geral, mesmo que distantes do conflito são expostas a inúmeras imagens, história e sons de conflito por meio de reportagens de televisão, rádio, jornais e portais de internet. E esse montante de conteúdo vem afetando a saúde mental dos indivíduos. A associação americana de psicologia divulgou um comunicado nesta semana alertando que o consumo de notícias violentas e traumáticas podem por si só afetar a saúde mental, pois o medo, a ansiedade e o estresse traumático tem efeitos impactante a longo prazo na saúde e no bem-estar da população. Muitos têm parentes, amigos nas regiões de conflito, outros muitos preocupados com os efeitos da guerra em todo o mundo, e na repercussão econômica e política.
Então, como nos mantermos informados e conectados e, ao mesmo tempo, protegemos a nossa saúde mental e dos nossos familiares. Essa é uma grande questão que tem surgido repetidamente no contexto de uma longa lista de eventos, como tiroteio em escola, ataques em massa, alterações climáticas, incidentes de brutalidade policial, a pandemia do Covid 19, as catástrofes naturais como furacões e incêndios florestais.
O correspondente médico chefe da CNN, Sanjay Gupta, procurou a médica Gail Saltz para obter conselhos sobre como navegar nessa linha tênue entre informação e saúde mental para um próximo episódio em seu podcast, e a resposta obtida foi que as imagens, em particular, são problemáticas porque geram a impressão de que o perigo está próximo e as imagens visuais, mais do algo que você ouviu e leu, tendem a ficar em sua mente como um filme, podendo tornar-se intrusivas de forma que não é possível esquece-las e esse é um problema que as pessoas estão enfrentando, pois deparam-se a algo terrível que está além da experiência humana convencional de visualizar violência entre humanos e esse conteúdo fica fixado em suas mentes de maneira que não conseguem se concentrar em outras atividades cotidianas, perdem o sono a noite e é angustiante, causando uma excitação no cérebro e posteriormente no corpo.
A resposta fisiológica a essas imagens e histórias, o sistema parassimpático entra em ação, estimulando um alerta de perigo, e os indivíduos ficam nervosos, ansiosos, e esse sentimento por tempo prolongado começa a gerar tristeza, que pode evoluir para o adoecimento por depressão. Nosso cenário tecnológico e midiático estimula com mais facilidade a ansiedade na população, pois essa capacidade de acessar as imagens terríveis, constantemente disponíveis, torna-se prejudicial, especialmente em crianças e adolescentes, mas também em adultos. Algumas pessoas estão mais vulneráveis que outras a desenvolverem uma reação aguda ao estresse ou até mesmo transtorno de estresse pós-traumático como o fluxo constante de imagens e histórias. Claro que pessoas que estão mais próximas dos acontecimentos, envolvidas diretamente com os conflitos sofrem muito mais, podendo desenvolver dificuldades mais profundas e graves, especialmente se já existir um histórico traumático no passado.
Maneiras de preservar a saúde mental, seria limitar o consumo de notícias e as mídias sociais, claro que mantendo –se informado, mas evitando gatilhos perturbadores. Limitar o tempo gasto com as notícias, evitando consumir esse conteúdo próximo a hora de dormir, porque o aumento de ansiedade promove insônia, deixando mais ansiosos no dia seguinte e virando um ciclo vicioso. Os pais devem ajudar os filhos a compreenderem o que está acontecendo, sem alarma-los, e policiando o conteúdo que irão consumir como fonte de informação. Diagnósticos psiquiátricos são realmente, uma extensão de sofrimento potencialmente normais que atingem o nível de causar disfunção, desta forma todas as pessoas ficam ansiosas quando as coisas estão difíceis e estressantes, e isso é normal, mas quando você está ansioso e não consegue se concentrar, seu desempenho no trabalho está prejudicado, não consegue ler um livro, não consegue dormir à noite, seu apetite esta afetado, há algo que precisa de atenção, pois o estresse e o medo estão ativando parte do cérebro controlando a resposta emocional.
Precisamos manter nossa mente saudável, como buscar por relaxamento muscular através de atividade física, assistir um conteúdo interessante, que lhe pareça útil, e promova distração, buscar por companhia de pessoas próximas, familiares, amigos, comunidades para conversar sobre assuntos diversos de interesse semelhante que não estimule tensão e ansiedade, e caso ainda mantenha a dificuldade, procure ajuda profissional. O mundo está preocupado e conectado a mais essa guerra, mas esse momento difícil também vai passar.
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