A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura a morte da menina Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, no dia 12 de agosto, vítima de picada de escorpião, iniciou, nesta sexta-feira (6), a fase de tomada de depoimentos. As primeiras a serem ouvidas foram as enfermeiras Mariana Cristina Augusto Belver Fernandes, gestora técnica do Conselho, e a fiscal do órgão, Priscila Buzzo Segatto. Elas esclareceram como devem ser os protocolos de atendimento em casos de urgência e emergência.
Jamilly foi levada pela mãe à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Frei Sigrist, na Vila Cristina, após sofrer uma picada de escorpião no pé. Essa unidade é referência para atendimento a vítimas de picadas de animais peçonhentos e tinha soro antiescorpiônico, mas o antídoto não administrado na criança. A Prefeitura informou que Jamily estava desidratada e, por esse motivo, não foi possível injetar o soro. “O que se espera de uma unidade de saúde de urgência e emergência é que ela tenha profissionais preparados para todos os tipos de acessos”, afirmou a gestora técnica do Coren, ao lembrar que existem várias alternativas de acessos, como o acesso venoso central e o ósseo, por exemplo.
As enfermeiras explicaram que os acidentes com picadas de escorpião podem ser classificados como leves, geralmente em casos de pacientes adultos com dor local; moderados e graves, em que habitualmente são classificadas as crianças ou casos com alterações na frequência cardíaca, respiratória ou náuseas. Já a aplicação de botão anestésico (método de aplicação de anestesia sob a pele) e do soro antiescorpiônico é uma decisão médica.
De acordo com a gestora técnica do Coren, a atuação da equipe em unidade de pronto atendimento não obriga que os profissionais tenham especialização em urgência e emergência, mas esse tipo de conhecimento integra o currículo básico profissional. “É responsabilidade da instituição saber se a equipe está em condições de executar o serviço, mesmo que tenha passado por especialização”, afirmou.
A CPI é composta pelos vereadores Acácio Godoy (PP), presidente, Gustavo Pompeo (Avante), relator, Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB) e Paulo Camolesi (PDT). Com base no prontuário da paciente, o presidente da comissão relatou o cronograma de atendimento de Jamilly, desde o momento em que ela deu entrada na UPA, minuto a minuto, até a transferência para a Santa Casa. No entanto, as profissionais não quiseram apontar erros no procedimento. “Seria muito descuidado e superficial fazer essa avaliação e por isso este caso está também sob investigação do Coren”, afirmou Mariana. “Não há condições técnicas para fazer esta avaliação neste momento porque são muitas as variáveis”.
A tomada de depoimentos terá continuidade na próxima semana. Nesta segunda-feira (9), a partir das 9h, serão ouvidos representantes do Departamento Regional de Saúde, além de dois profissionais da enfermagem da UPA Vila Cristina. Na quarta-feira (11), a partir das 8 horas, serão ouvidos outros quatro profissionais da UPA. Para o dia 17, às 9h, está previsto o depoimento da médica responsável pelo atendimento, também na UPA.´
Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.