23 de novembro de 2024
ARTIGO

Depressão não é tristeza!

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

“Tudo o que a mente não resolve, o corpo transforma em doença”. (Freud). Essa descoberta Psicanalítica e seu tratamento, nunca fez tanto sentido como em nosso mundo atual.

Muitos confundem esses dois termos. Tristeza ocorre após algo ruim que acontece, entretanto ela não dura muito (em média três semanas) e você consegue reagir, ou seja, ela não “permanece” em você. A depressão, por sua vez, é algo mais profundo e “permanece”. Isto faz com que a pessoa não consiga reagir e sair da situação. Outro fator que explica essa diferença é que, maioria dos casos, o depressivo nem sabe o motivo que está desencadeando seu estado, o que não ocorre na emoção tristeza.

São vários os graus que medem a depressão, indo do mais leve ao mais complexo, com várias características peculiares a cada um, mas vale lembrar que ela tem cura. A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), portanto, certamente você conhece ou já ouvir falar de alguém que tem depressão, ou acha que tem.

São vários os tipos de sintomas, que podem até se confundir com outras doenças, portanto, é imprescindível o acompanhamento e a avaliação de um profissional habilitado, para que se chegue ao diagnóstico correto, de preferência no início dos sintomas, para que a pessoa não chegue ao suicídio. Existem muitas causas para a depressão e para o suicídio, como baixa autoestima, traumas de infância ou atuais, hereditariedade, alcoolismo, drogas, problemas de aceitação, dificuldades de relacionamento, bipolaridade, envolvimento em situações difíceis ou doenças graves, reação aos acontecimentos negativos, crenças, perdas, frustrações, mágoas, além de outros sentimentos mal resolvidos.

O fato alarmante é que, a cada quarenta segundos (isso mesmo, quarenta segundos) alguém se mata e isso precisa nos incomodar mais! Por outro lado, também segundo a Organização Mundial da Saúde, a depressão será a segunda maior preocupação em termos de saúde pública no Planeta. Outro dado alarmante é o aumento de casos de depressão em adolescentes. Sim, depressão, uma das maiores causas de suicídio, que por sua vez é o último grito de socorro, o último capítulo de uma novela que não começou ali. O paradoxal e mortal desespero em acabar com a dor, não com a vida.

Os transtornos mentais estão aumentando pelo mundo. O Brasil, por exemplo, “lidera” o ranking de ansiedade... Não falar e não buscar conhecimento sobre esse tema apenas “colabora” no agravamento do cenário. Importante lembrar que transtornos emocionais e o próprio suicídio não escolhem idade, classe social, religião, gênero ou qualquer outro indicador.

Desejo sinceramente que os “setembros” avancem também sobre os outros meses do ano, porque há falta de informação e excesso de preconceito. Por incrível que pareça, ainda existem pessoas que consideram depressão uma “frescura”, e aí por diante... Depressão, como qualquer outro problema emocional, é coisa séria, que merece um olhar mais atento do governo, da sociedade, meu, seu. E de nada adianta responsabilizar terceiros se nós não fizermos a nossa parte. Podemos, sim, mudar estas estatísticas.

“Eu enfrentei crise de pânico e quadro depressivo. Foi o pior momento da minha vida. Aprendi muito com o que vivi. Tristeza não é doença, mas, quando se estende no tempo, pode ser. É preciso estar atento à duração dela em nós. Há muita ignorância no trato com pessoas depressivas. É comum escutar que é frescura, exagero, falta do que fazer. Quando de fato se trata de um quadro depressivo, não, não é. Só quem sofre sabe!" (Padre Fábio de Melo).

--------------

Os artigos publicados no Jornal de Piracicaba não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Os textos são de responsabilidade de seus respectivos autores.