23 de novembro de 2024
ARTIGO

Compulsão sexual

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Inicialmente, é preciso esclarecer que gostar de sexo não precisa necessariamente ter relação com compulsão ou vício sexual. Na compulsão sexual há fantasias e comportamentos sexuais em excesso, como uso excessivo de algum tipo de pornografia, masturbação e vários parceiros sexuais de forma ocasional, além de sexo desprotegido sem preocupação com as consequências. O cenário vai se agravando, com aumento gradativo na frequência, trazendo danos cada vez maiores na rotina, nas atividades profissionais, pessoais e nas relações interpessoais.

Trata-se de um assunto polêmico, mas que precisa ser melhor entendido e esta é a causa da existência de muitos compulsivos que demoram a procurar ajuda, o que piora ainda mais a situação.

Infelizmente, a sociedade atual colabora para que o problema se agrave: redes sociais que incentivam, filmes que lotam bilheterias, livros que se tornam best-sellers, sites, programas e muitas outras mídias (que impressionantemente não recebem censura e aparecem a qualquer hora do dia e da noite) invadem a mente das pessoas tentando “maquiar o monstro”. Não se iluda, ao que eles tentam dar glamour, o que existe (de fato) não é nada mais nada menos do que uma séria doença, que precisa de tratamento.

Compulsões também podem ter origem em situações reprimidas no inconsciente por terem sido consideradas nocivas a vida emocional ou física da pessoa, lembrando que compulsão não se refere só a sexo, apesar de ter origens parecidas e muitas vezes ligadas à ansiedade. O fato é que, diante desse cenário, é improdutivo “proibir” a pessoa de agir como está agindo ou fazer terrorismo verbal/emocional. Isso apenas vai fomentar a ansiedade ou canalizar esta energia para algum outro comportamento compulsivo, agravando o quadro.

Um dos exemplos é quando uma pessoa é exposta de forma prematura a uma situação em que o sexo figure como algo misterioso, sem explicação, repressor ou invasor. Neste caso, pode desenvolver problemas emocionais, inclusive transtornos, fobias, síndromes, depressão ou compulsões. Podemos citar aqui: estupro, pedofilia, desajustes, violência, repressões familiares e tantas outras situações a que muitos seres humanos são expostos, consciente ou inconscientemente. O agravante é que, ocorrendo isso em fases prematuras, sem um conhecimento ou um amadurecimento necessário, o inconsciente não consegue “significar” os fatos e os entende como erro, culpa, problema ou desvio, enfim, sentimentos confusos e destruidores são anexados a história psíquica da pessoa, acompanhando-a no decorrer da vida e produzindo conflitos.

Existem tratamentos para a compulsão por sexo e a melhor maneira de resolvê-la é descobrindo e ressignificando as causas emocionais que motivam este comportamento, cuidando paralelamente da ansiedade, dos traumas e de possíveis outros transtornos.

Compulsivos demoram para entender que o são e dificilmente se livram disso sozinhos. Precisam de ajuda profissional. Na verdade, os problemas emocionais sabotam as pessoas - além do sofrimento que causam - tirando delas o verdadeiro sabor da vida. Acordar, desligar o piloto automático e tomar as rédeas da própria vida, com qualidade e conteúdo, é o objetivo central.

Portanto, ao buscar ajuda, você também precisa entender que a terapia deve agir com base na história detalhada e particular de cada indivíduo, sem receitas prontas, mas com dois fundamentais ingredientes: amor e competência.

--------------

Os artigos publicados no Jornal de Piracicaba não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Os textos são de responsabilidade de seus respectivos autores.