21 de novembro de 2024
ARTIGO

Plástico no sangue

Por Rubinho Vitti |
| Tempo de leitura: 3 min

Você já viu fotos de pássaros mortos com o estômago cheio de pedaços de garrafa PET, tampas e lacres de plástico?

Ou aqueles vídeos que mostram peixes nadando entre sacolas de supermercado?

Já viu o estômago de uma baleia morta com toneladas de lixo produzido pelo ser humano?

Ou o lobo magrinho pois ficou preso com a cabeça dentro de uma garrafa plástica?

Há plástico encontrado nas geleiras mais distantes, locais onde os humanos mal pisaram. Ouviu falar?

Se não, deveria. Se já soube sobre tudo isso, você não está assustado?

Se há plástico por todo lado, você não acha que também estamos comendo, ingerindo e digerindo esses pedaços de garrafas, sacolas, sandálias, brinquedos velhos ou qualquer produto que produzimos e espalhamos pelo mundo, mesmo sabendo que são mega poluentes?

Pesquisadores da Universidade de Rhode Island, em artigo publicado no International Journal of Molecular Science, concluíram que partículas de plástico menores do que 5 mm podem chegar ao cérebro e causar mudanças comportamentais.

Ou seja, estamos também comendo plástico e sendo felizes por aí sem consequência. E não há consciência de fato sobre isso. Já somos zumbis plastificados sem nem antes ele chegar ao nosso cérebro.

No mundo mágico dos humanos, não temos responsabilidade por haver tanto lixo por aí. Aquela lua, que brilha lá no céu e influencia comportamentos, oceanos e paixões, está repleta de lixo produzido por nós. Até ela!

Segundo a NASA, agência espacial americana, os humanos já deixaram muito lixo na Lua, incluindo restos de naves espaciais, como propulsores de foguetes de mais de 50 pousos sem sucesso, quase 100 sacos de dejetos humanos e objetos diversos, como bolas de golfe e botas. São cerca de 200 toneladas do nosso lixo no nosso satélite natural.

Não poupamos nem mesmo a Lua de São Jorge! Sem contar as toneladas de dejetos astronáuticos que estão rondando o planeta.

Voltando à Terra, atitudes simples e que tomamos a cada minuto nos colocam como protagonistas do nosso próprio envenenamento por plástico.

Entre elas está o ato da reciclagem! Já somos educados o suficiente para entender que o lixo é algo sério e a preguiça nos faz comer plástico.

Preguiça de lavar e separar o lixo, algo que pode ser feito em segundos. Mesmo pessoas estudadas ou informadas tem preguiça de “perder” 5 segundos para o ato sagrado de separar lixo.

É simples e muito importante ter isso em mente. Com o passar do tempo tenho adquirido uma espécie de fobia de lixo em local errado. Já peguei muita garrafa plástica de gente que chega a jogar na lixeira orgânica por preguiça de andar cinco passos para jogá-la na lixeira correta.

Já tirei até mesmo lata do lixo do banheiro, em meio a papéis higiênicos borrados, que teria ido diretamente para o aterro sanitário.

A fobia dá lugar ao cansaço e à tristeza em ver lixo pelas ruas ou plástico boiando em rios e mares! Isso só me causa mais ânsia em saber que o peixe da ceia estará cada vez mais salpicado por milímetros de lixo.

É inaceitável, é desafiador, é impensável que chegamos neste nível, mas também é inevitável!

A coquinha que você bebe e larga pelo chão, o plastiquinho que você resolve não lavar e botar na lixeira orgânica, a Barbie da criança abandonada no mar poderá estar logo no seu corpo, no seu sangue, seu cérebro, no leite que amamenta seu filho.

O que será que isso causará em nós em alguns anos? Quem será mais prejudicado com o consumo massivo de plástico e como isso vai se transformar em novos distúrbios e doenças?

Pense nisso quando for descartar seu lixo. Afinal, não se joga nada fora quando estamos dentro… dentro de um mesmo planeta! E nada mais óbvio que a máxima de que “tudo o que vai, volta”.

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