O episódio envolvendo o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, no Aeroporto Internacional de Roma, quando foi ofendido e teve seu filho agredido por pelo menos três bolsonaristas; o discurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro em Brasília, durante evento armamentista, acusando professores de serem “piores que traficantes; a cena bizarra de Michele Bolsonaro ao exigir que uma correligionária tirasse e lhe desse sua prótese ocular – que ela em seguida colocou na bolsa sem o menor cuidado ou higiene – mostram que nosso país ainda resquícios de sombras passadas e que é preciso cuidar da nossa democracia.
Parece, de fato, que teremos que conviver com um grupo de extrema-direita que não aceita os limites do regime democrático e que age o tempo todo para criar tensões e desestabilizar as instituições. Não há meias medidas em seus discursos, pregam abertamente o ódio, a violência e o descumprimento de qualquer norma de civilidade não apenas na política, mas no relacionamento entre pessoas. Sua concepção de família é não somente conservadora e monolítica, mas autoritária, machista e patriarcal. No mundo do trabalho, defendem a prevalência do lucro a qualquer preço, às custas da máxima eliminação de direitos, que para eles significam custos a serem reduzidos.
Assim como usaram de todos os métodos possíveis e imagináveis para alijar do poder os governos democrático-populares, por meio do golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff e da prisão ilegal do então ex-Presidente Lula, que liderava a corrida presidencial em 2018, hoje jogam todas as fichas na mentira, na falsificação, na massificação de discursos catastrofistas nas redes sociais, na tentativa de tumultuar o processo legislativo e, no limite, em intimidação, ameaças e agressões físicas.
Na contramão desse tipo de postura, os indicadores mostram que, apesar da manutenção da alta taxa de juros em 13,75%, o país começa a viver dias melhores. Os preços dos alimentos vêm caindo de forma consistente, a inflação recua, o preço do dólar cai e as viagens internacionais do presidente Lula, com participação em importantes fóruns, estão resultando em compromissos de investimentos estrangeiros no país que já ultrapassam a casa dos R$ 120 bilhões. Internamente, o arcabouço fiscal e a perspectiva de aprovação da reforma tributária até final de 2023 estabelecem um patamar sobre o qual se desenvolvem os negócios e o planejamento de investimentos públicos.
É fundamental que a taxa de juros caia, como alerta o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ou a economia não se desenvolverá. Identificando uma política deliberada do presidente do Banco Central, Campos Neto, no sentido de manter essa trava, os presidentes do PT, PCdoB, PSB, PV, Rede e Psol e os líderes do MDB e do PDT ingressaram com pedido para que o Senado abra processo contra ele.
Nesta semana, o governo lançou o programa Desenrola Brasil, que pretende facilitar o pagamento de dívidas de pequeno e médio porte no país, tirando do cadastro negativo 30 milhões de pessoas e estimulando o crédito para esses consumidores, visando gerar consumo e, consequentemente, mais empregos.
Nesse cenário de recuperação econômica e retomada dos programas sociais que haviam sido abandonados ou desfigurados, o índice de confiança no presidente Lula chega a 50 pontos, maior índice para o presidente da República desde 2012. Tem sido comum nas redes sociais a publicação de vídeos, declarações e entrevistas de pessoas que apoiaram Bolsonaro na eleição de 2022 e que manifestam apoio ao governo. Entre elas o proprietário do Grupo Habbibs, um dos pastores que organizava motociatas em São Paulo e até mesmo deputados do PL fazem questão de tirar fotografias com o presidente Lula.
Nesse ponto, retorno aos lamentáveis episódios que relatamos no início deste texto. Por um lado, festejemos os avanços e lutemos para que baixe a taxa de juros, de forma que o Brasil possa crescer de forma consistente. Por outro, não sejamos tolerantes com ataques à democracia, aos direitos individuais e coletivos, com fakenews, calúnias e qualquer forma de incentivo ao golpismo e ao atraso neste país. Que sejam punidos os agressores do Aeroporto de Roma, assim com o deputado Eduardo Bolsonaro e tantos quantos enveredarem pelo mesmo caminho.
Retomar a normalidade democrática não foi uma tarefa fácil e há perigo em torno. Defendamos nossas conquistas e sigamos avançando.
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